Este Blogueiro é contra às críticas injustas e politiqueiras em direção ao homem que deu contribuições incalculáveis à Cultura e às obras arquitetônicas de nossa amada cidade de Belém, e se solidariza com ele (Paulo Chaves Fernandes), e faz das palavras do cônsul abaixo as minhas.
Por Joaquim Rosário - Vice-Cônsul de Portugal em Belém do Pará.
Regressado de férias em Portugal, acabo de tomar conhecimento de um movimento que, em Belém, se manifestou contrário à acção e trabalho do Senhor Secretário de Cultura do Governo do Estado do Pará, arquitecto Paulo Chaves Fernandes.
Não devendo, nem querendo opinar sobre as razões, ou motivos, em que assentou tal pública manifestação, que naturalmente respeito, seria, porém, contra os meus mais elementares princípios não expressar publicamente o testemunho do meu conhecimento sobre a obra e o homem Paulo Chaves Fernandes, Secretário de Cultura do Governo do Estado do Pará.
Creio poder afirmar, sem sombra de dúvida, que qualquer pessoa que passeie pelas ruas de Belém – para não ir a outros locais no Pará – terá que ser deveras distraída para não se deparar com edifícios, monumentos ou espaços que a obriguem a parar, mesmo que brevemente, e a contemplar com prazer e satisfação.
A todas essas pessoas eu quero lançar um simples, fácil e eficaz desafio: perante o prazer que sentem em admirar ou usufruir de alguma destas realidades em Belém - cuja farta lista aqui me dispenso de apresentar – se colocarem uma destas elementares perguntas: “Quem fez?”; “Quem recuperou?”; “Quem concebeu?” “Quem devolveu à comunidade?”
Se aceitarem este meu desafio vão, tal como eu, poder confirmar que na grande maioria das respostas que obtiverem encontrarão um denominador comum: Paulo Chaves Fernandes.
Da mesma forma, as centenas de milhares de visitantes de cada edição da Feira Pan-Amazônica do Livro, ao perguntarem-se quem idealizou, quem realizou, lá irão encontrar esse mesmo denominador, quer em relação à feira, quer em relação ao magnífico espaço onde agora se realiza.
Igualmente os amantes da música parense, erudita ou popular, ao apreciarem, no conforto se suas casas, obras de tantos compositores paraenses, como Waldemar Henrique, Sebastião Tapajós, Wilson Fonseca (Isoca), Salomão Habib, entre tantos outros; ou ouvirem carimbó de Marapirim, se se perguntarem quem…?, encontrarão a mesma resposta.
Mas se quisermos virar as nossas atenções para o Teatro e para os espaços onde ele pode ser apreciado, também teremos muito por onde andar. Poderemos começar pela Praça da República, para qualquer uma das duas maravilhas arquitectónicas que aí se encontram, passar pelo Parque da Residência, seguir para a Estação das Docas e não esgotaremos o percurso. Em todos estes lugares encontramos a cabeça e a mão de Paulo Chaves, quer nos espaços, quer na vida que dentro deles decorre.
Tive o privilégio de o conhecer em 2006, quando exercia funções na Embaixada em Brasília. Reencontrei-o em 2009 quando regressei ao Brasil para assumir funções em Belém do Pará. Direi que o conheço o suficiente para afirmar que é genuinamente um Homem de Cultura. Para ele, na cultura não há lugar ao preconceito e todas as manifestações culturais são importantes. Até mesmo naquelas que passam despercebidas para a maioria dos mortais, Paulo Chaves, qual alquimista da cultura, consegue vislumbrar e fazer revelar uma beleza ou importância que a todos surpreende.
A memória paraense que Paulo Chaves não deixou e não deixa morrer, resgatando-a através da sua acção, é de um valor inestimável que os paraenses cada vez mais reconhecerão.
Como escreveu Lídia Jorge, "A morte não é morrer, a morte é sair da memória".
Para além da mais elementar justiça, este meu público testemunho é motivado pelo reconhecimento e enorme dívida que a Comunidade Portuguesa e Luso-Brasileira do Pará tem para com Paulo Chaves. Afinal, nessa mesma memória, que ele se encarrega de não deixar morrer, muito há do nosso percurso comum, que começa no Feliz Lusitânia, passa pelo Café Manduca, por Santo António paraense e, creio, jamais terminará.
Como todos os grandes homens, a cabeça do paraense Paulo Chaves fervilha de ideias e projectos que, porque geniais, nem sempre são devidamente compreendidos e apreciados no seu tempo. Não sei se Landi ou António Lemos, aquele italiano (enviado ao Pará pelo Rei de Portugal), este maranhense, também tiveram que enfrentar opositores. Se não tiveram, talvez tenha sido apenas por não serem “santos da casa”.
É que, por vezes, ainda se encontra quem acredite que só os “santos de fora de casa” fazem milagres.
Pode-se, legitimamente, não gostar do indivíduo; ter outras opções ou prioridades culturais e, até, entender que outros poderiam, quiçá, fazer melhor. Não se pode é afirmar que Paulo Chaves nada fez pela cultura paraense, nem ignorar que a sua obra é um marco de qualidade e pluralismo na história cultural deste Estado.
Belém, 23 de agosto de 2013
Joaquim Rosário
Vice-Cônsul de Portugal em Belém do Pará
Muito bom o texto! esse tá valendo!
ResponderExcluir=)
Gheysa.
Parabéns Joaquim Rosário pelo comentário lúcido e oportuno. Sou paraense adotado e amo esta cidade que escolhi para morar.
ResponderExcluirFico indignado com as críticas à um grande idealizador de nossas obras mais bonitas. Não conheço pessoalmente o arquiteto mas penso que todo filho desta abençoada terra deve muito à Paulo Chaves que tem a minha total admiração.
Só acho que ele deveria ter feito coisas no interior do Pará. Ele fazia parte do Governo do Estado ou da Prefeitura de Belém?!? Cite UMA ÚNICA OBRA DO MESMO PORTE de Paulo Chaves no interior do Pará... Esquecimento? Desinteresse? Lá não aparece tanto quanto na capital? Não há necessidade de fazer nada no interior? Por essas e por outras é que existe latente um sentimento de separatismo no Pará...
ResponderExcluirCaro Rogério,
ResponderExcluirSobre a tua observação, ela é pertinente mas carece de contextualização.É bom lembrar que a maioria das cidades do sul/sudeste do Pará não tem mais que 20 anos. A Exceção é Marabá que tem 100. Quando o Paulo Chaves começou na Secretaria de Cultura foi há quase 20 anos. (Em 1995, no primeiro ano do Governo Almir Gabriel); portanto aquela região embora já fosse rica não tinha ainda a pujança e o número de habitantes era menor, embora crescente ( e é cada vez maior, devido a uma migração desordenada). De qualquer maneira havia projetos para todas as regiões do Estado, incluindo as do Paulo Chaves e também com a alças viárias que começaram na região metropolitana e se estenderiam. Era um Projeto de Estado para 20 anos. Mas ao final do 12º o povo preferiu escolher Ana Júlia Carepa.... o resto não preciso falar mais nada....