domingo, 31 de julho de 2011

Jesus Cristo ou Barrabás?



Por Ricardo Jordão


Quatro anos atrás, o lula deveria ter interrompido o Jornal Nacional para fazer o seguinte pronunciamento:

"Caros Brasileiros e Brasileiras, existe uma grande chance do nosso querido país ser escolhido para sediar a Copa do Mundo de Futebol de 2014.

Mas antes de batermos o martelo com os nossos camaradas da Fifa e CBF, Nike e Coca-Cola, Rede Globo e Cervejas, eu gostaria de saber a opinião do povo brasileiro sobre o que devemos fazer.

Para tanto, eu convido a todos vocês a participarem de um plebiscito nacional a favor ou contra a realização da Copa de 2014 no Brasil.

A situação é a seguinte: pelas nossas estimativas iniciais, vamos gastar 40 bilhões de dólares para realizar a Copa no Brasil.

MAS, como vocês mesmo sabem, NUNCA NA HISTÓRIA DESSE PAÍS fizemos alguma obra dentro do prazo e muito menos dentro do orçamento inicial.

Nós somos muito ruins de planejamento e execução; e ainda temos que contar com toda a problemática da corrupção que rola solta nesses momentos.

Portanto, em "off", eu acredito que vamos torrar 120 bilhões de dólares para fazer a Copa no Brasil. 120 bilhões de dólares! É dinheiro para xuxu.

Para conhecimento Wikipediano de vocês, esse valor - 120 bilhões de dólares - é maior que os gastos somados das últimas seis copas juntas!!!

Então, a decisão que eu gostaria que vocês tomassem é a seguinte:

Pega o seu telefone agora mesmo e disque 1 caso você acredite que o país deva investir 120 bilhões de dólares na realização da Copa de 2014 no Brasil, e Disque 2 caso você acredite que devemos pegar esse mesmo valor - 120 bilhões de dólares - e investir na construção de escolas, hospitais, saneamento básico, estradas, aeroportos, melhores salários para professores, segurança e polícia, internet banda larga para absolutamente todos os brasileiros, faculdades, computadores populares e muito mais.

Pelas nossas contas, é possível construir 65 hospitais, 150 escolas, 23 faculdades, distribuir 1.5 milhões de livros didáticos, 250 mil computadores, resolver o problema de saneamento básico em 25 grandes cidades, e ainda construir 400 escolinhas de futebol para ensinar o "corpo são" para 40 mil crianças e jovens brasileiros.

"Cumpanheiro", não vale dizer que temos que fazer as duas coisas. Você e eu sabemos que não vamos conseguir. Coloca o pé no chão. Olhe o nosso histórico e encare a realidade de frente.

Portanto, a minha pergunta ao povo brasileiro é a seguinte:

Vocês preferem tornar o Brasil conhecido mundialmente como o país que realizou a Copa de Futebol mais cara da história do planeta, ou vocês preferem tornar o Brasil conhecido mundialmente pela qualidade das suas escolas e paz social para todos?

"Cumpanheiras" e "Cumpunheiros", eu adoro futebol tanto quanto todos vocês. Eu sou "Curinthiano" como milhões de outros brasileiros. Mas eu acredito que a prioridade do país não é exatamente futebol. Mas quem sou eu para achar alguma coisa, certo? Eu quero saber o que vocês querem para o país.

Então, Disque 1 se você é a favor da Copa, ou Disque 2 se você é a favor da educação e infraestrutura.

E concluindo, com a realização desse plebiscito eu quero deixar bem claro para todos que eu estou lavando as minhas mãos. O que vocês decidirem está decidido."

Infelizmente esse discurso nunca foi feito.

Meia dúzia de caras pálidas engravatados decidiram que a Copa de 2014 seria no Brasil, e assim foi, amém.

Passados quatro anos, os orçamentos para a Copa estão furados, estourados e incompletos. As estimativas mudam a cada três meses, as taxas de urgência vão pipocando aqui e ali, a distribuição de milhões de reais sem licitação já está rolando, e a bagunça só vai aumentar.

O importante, como todos dizem por ai, é não passar vexame perante o mundo. A Copa tem que acontecer. Custe o que custar.

O Brasil vai passar vexame. O loiro de olho azul sabe que estamos tocando fogo em dinheiro para fazer uma festa para ficar bem na fita quando todos os vizinhos sabem que dentro de casa não temos dinheiro nem para contratar um decorador para arrumar a nossa sala de estar.

A Copa é mais um erro de investimentos, tempo e recursos que o Brasil está fazendo. Mais um erro entre tantos que rolam por aqui. Somando o período de pré-Copa, Copa, pré-Olimpíada, Olimpíadas, vamos queimar 10 anos de investimentos públicos e foco de prioridades.

Se tivessem me dado a oportunidade de escolher, eu teria votado contra a Copa no Brasil.

A Copa é um evento supervalorizado. Os únicos que realmente ganham com a realização da Copa são a FIFA, CBF, os jogadores, as grandes construtoras, a televisão e os vendedores de cerveja. Ponto.

60 dias atrás o U2 tocou no estádio do Morumbi para 80 mil pessoas por noite. 80 mil!!! E posso te dizer que a cidade de São Paulo não parou porque o U2 estava no Estádio do Morumbi com 80 mil neguinhos. Te garanto que milhões de paulistanos nem sabiam que os caras estavam na zona Sul tocando para 80 mil carinhas. 3 jogos com 45 mil pessoas dentro não fazem nem cócegas na economia da cidade.

O circo da Copa é supervalorizado e inflacionado além da conta por aqueles que fazem a coisa toda acontecer justamente porque precisam fazer a galera acreditar que é preciso torrar dinheiro com esse circo.

Se, os jogadores da seleção tivessem o espírito que tinham o Pelé e o Zico, eu até diria que vale a pena investir nesses caras; mas com o tipo de seleção mercenária que tem hoje, vocês ainda vão armar o circo para esses "profissionais" do futebol moderno ganharem mais e mais dinheiro???

A Copa nada mais é do que a grande oportunidade dos jogadores valorizarem seus passes.

Além do mais, eu aposto o que vocês quiserem que apenas 30% das pessoas presentes nos jogos nos estádios da Copa serão estrangeiros. Os outros 70% serão brasileiros. Brasileiros que tem por baixo 800 reais sobrando para gastar com cada ingresso. O povão não vai conseguir nem vender camiseta pirata em volta do estádio. E os caras ainda votam na coisa toda.

O alemão, o holandês, o italiano, o inglês, o americano, não vão pagar o preço do ingresso, a viagem, hotéis, e o trabalho de se submeter ao sufoco que eles imaginam que podem passar em terra brasilis para assistir a Copa no Brasil.

Hoje, essa turma tem em suas casas televisões HD 3D de LCD de 50 polegadas, transmissão com múltiplas câmeras, som de alta definição etc.

Em 2014 essa galera terá televisões de 80 polegadas com ultra definição e sei lá mais o quê.

Por que sair do conforto do seu país, sofá e família para se aventurar a assistir 2 ou 3 jogos na América do Sul??

Poucos virão. Quem vai mesmo assistir ao jogo do Azerbaquistão Versus Coréia serão os torcedores do Atlético Mineiro, Flamengo e Sport.

E mais, a construção dos estádios da Copa não vai melhorar a vida da galera que mora em sua volta. Imbecil o cara que acredita nessa conversa fiada. Não existe qualquer plano para melhorar as casas e ruas ao redor. É só papo. A coisa nem começou, e não vai começar. É só você olhar para o Rio de Janeiro que cerca o Engenhão para ter uma boa idéia do que vai acontecer com Itaquera depois que o Estádio do Corinthians for construido por lá.Nada.

Por que eu estou escrevendo esse texto? Porque eu acredito que deveríamos PARAR a Copa. "Impeachment" no Ricardo Teixeira, FIFA e tudo que está rolando.

Como pode alguém liberar a coisa toda sem saber quanto vai custar???

E como pode todo mundo aceitar tudo que está rolando na boa sem qualquer reação ou sentimento de revolta???

Será que se eu enviar um tweet para a galera do Egito eles nos ajudam a virar a mesa por aqui?? Definitivamente os nossos universitários não são melhores que os universitários do Egito.

2 mil anos se passaram e o povo ainda não aprendeu. Eles preferem soltar o bandido (Barrabás) do que apostar na Coisa Certa (Jesus Cristo).

Quando finalmente temos a oportunidade de escolher o caminho da ética, moral e boa vontade, a galera escolhe o caminho do pão e do circo.

Vai Barrabás, cumpre a sua sina! Bota a bandidagem na rua, a galera assina embaixo!

QUEBRA TUDO! Foi para isso que eu vim! E Você?


fonte: http://www.bizrevolution.com.br/

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Copa do Mundo, Esporte, Política: Eduard Streltsov: A incrível história do Pelé Russo.

No dia de hoje, em que será realizado no Rio de Janeiro o sorteio das eliminatórias da Copa do Mundo do Brasil, em 2014, este Blog dá um presente aos seus leitores, conta uma história incrível, que remonta a Copa do Mundo de 1958, na suécia, de um jovem soviético, um grande craque do futebol, rebelde ao regime totalitário de então, que pagou caro por desafiá-lo, mas que deu a volta por cima, e ficou na história pela sua perseverança e pela conservação dos seus ideais de liberdade e lealdade levados às últimas consequências.Vale a Pena.Talvez precise de um lenço, sua lágrimas podem cair.Veja:








Streltsov retratado em uma moeda especial de dois rublos

Informações pessoais

Eduard Streltsov Эдуард Стрельцоb (Ficha):

Nome completo Eduard Anatolyevich Streltsov
Data de nasc. 21 de Julho de 1937
Local de nasc. Moscou, União Soviética
Falecido em: 20 de julho de 1990 (52 anos)
Local da morte: Moscou, União Soviética
Altura: 1,82 m
Apelido: Pelé Russo

Informações
profissionais
Posição:atacante
Clubes profissionais:
Torpedo Moscou 222 jogos (99 gols)
Jogou de: 1953-1958; 1965-1970
Seleção Soviética:
Jogou de: 1955-1958; 1966-1968
Jogou 38 partidas e marcou 25 gols

Eduard Anatolyevich Streltsov - em russo: Эдуард Анатольевич Стрельцов (Moscou, 21 de Julho de 1937 - Moscou, 20 de julho de 1990) - foi um grande jogador da União Soviética conhecido como o "Pelé Russo".

Faz parte dos jogadores que se dedicaram a apenas um clube; no caso dele, o Torpedo Moscou. Pela União Soviética, conquistou a medalha de ouro nas Olimpíadas de 1956 e marcou 25 vezes em 38 partidas. Também está entre os grandes jogadores que, infelizmente, não disputaram Copas do Mundo.

Strelstov foi um dos mais carismáticos jogadores da antiga URSS.Era também um mestre do toque de calcanhar, jogada que leva o seu nome na Rússia.


Streltsov debutou no Torpedo Moscou em 1953, tornando-se no ano seguinte o mais jovem a marcar um gol no campeonato soviético, Já em 1955 estreava pela Seleção Soviética de Futebol e no ano seguinte participou da primeira conquista futebolística do país, as Olimpíadas de 1956.

Na recepção oficial no Kremlin aos vencedores na volta à URSS, ele esbanjou seu característico atrevimento ao declarar pessoalmente à Yekaterina Furtseva, Ministra da Cultura, que jamais de casaria com a filha desta.

No ano seguinte, foi artilheiro do campeonato pelo vice-campeão Torpedo.Paralelamente, a URSS, participando pela primeira vez das eliminatórias para uma Copa do Mundo, garantiu sua classificação à de 1958. Ele foi então pressionado pelas autoridades a escolher um dos dois principais times de Moscou (e do país): o CSKA, do Exército Vermelho, ou o Dínamo, da KGB; o Torpedo, vinculado à indústria automobolística, não tinha tanto prestígio junto ao governo.

Streltsov acabou recusando sair do Torpedo, mesmo após Lev Yashin (do Dínamo) ter tentado mudá-lo de idéia. Em maio de 1958, semanas antes do embarque à Suécia, ele seria expulso da equipe que disputaria o mundial e, pior, sentenciado a passar sete anos na prisão, após um processo pouco transparente (como muitos julgamentos no país), com depoimentos contraditórios e imprecisos, além de cogitadas adulterações.





Nem Yashin, o "aranha negra", melhor goleiro do mundo de todos os tempos,
conseguiu persuadir Streltsov de suas convicções firmes.




A seleção conseguiu chegar sem ele à segunda fase da Copa, onde perderiam por 2 a 0 para a anfitriã Suécia - um adversário que naquele mesmo ano chegara a perder de 6 a 0 em uma partida em que Streltsov estava em campo.

PRISÃO E RETOMADA DA CARREIRA

Como justificativa para prendê-lo, uma acusação de estupro jamais totalmente esclarecida, que teria sido armada pelo governo.Streltsov confessou sua autoria no crime sob, acredita-se, a falsa promessa de que isso garantiria sua presença na Copa.

Seus colegas Boris Tatushin e Mikhail Ogonkov, do também pouco apreciado pelas autoridades Spartak Moscou (clube vinculado aos sindicatos e não ao governo), também estiveram na festa onde os três conheceram Marina Lebedeva, a suposta vítima, e foram igualmente presos e impedidos de ir para o torneio.


O Estádio Eduard Streltsov, antigo campo do Torpedo Moscou.


Sua confissão freou o ímpeto de protestos dos trabalhadores da Zil, a fábrica de automóveis ligadas ao Torpedo e naturais torcedores do clube.

O governo tinha outros motivos para não gostar muito dele: Streltsov estaria se transformando em ídolo da juventude soviética com seu jeito jovem e cortes de cabelo "não-convencionais", encarnando uma indesejada rebeldia contra a tirania do regime político [ditatorial] do país.

Além da prisão, ele também foi expurgado por um período, com os jornais e revistas esportivas da União Soviética fingindo que Streltsov sequer existira. Ele foi libertado em 1963 e, com a pressão popular, pôde retomar a carreira no ano seguinte.

Ainda com a habilidade, audácia e clarividência nos gramados bem conservada,embora naturalmente menos veloz (além de calvo),liderou o Torpedo na conquista do Campeonato Soviético de 1965, o segundo da história do clube.

Apesar de ainda ter 29 anos em 1966, não foi chamado para a Copa daquele ano [a União Soviética foi semifinalista]; voltou a atuar brevemente pelo país após o torneio, ainda naquele ano, em que o Torpedo conseguiria o vice-campeonato. Streltsov seria eleito em 1967 e em 1968 - ano em que conquistou a Copa da URSS - o jogador do ano em seu país.Ele encerrou a carreira em 1970.

MORTE

Nunca falou sobre o tempo em que passou na prisão até seu leito de morte, quando declarou sua inocência à esposa. Há rumores de que o governo teria ameaçado matar toda a sua família caso dissesse a verdade sobre seu julgamento.

Streltsov morreu em 1990, na véspera de seu 53º aniversário, de câncer, que muitos acreditam ter sido resultado do cárcere. No mesmo ano, também de câncer, morreria Yashin. Muitos consideravam ambos as superestrelas da seleção soviética daqueles tempos.


Monumento a Streltsov no complexo do Luzhniki, estádio atualmente utilizado pelo Torpedo Moscou.


Após sua morte, o Torpedo o homenageou, renomeando seu antigo campo para Estádio Eduard Streltsov (o clube posteriormente perderia a arena para a Zil, após a empresa desvincular-se do time, e atualmente manda os jogos no Luzhniki). Há pessoas lutando para que as acusações de estupro sejam retiradas postumante, em uma forma de limpar seu nome - dentre elas, o político Yury Luzhkov e o enxadrista Anatoly Karpov, que criaram em 2001 o Comitê Streltsov com vistas a restaurar a reputação do antigo craque perante a justiça russa.



Se Streltsov tivesse ido à Copa de 1958, talvez o resultado final tivesse sido outro.E Pelé poderia ter sido ofuscado.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Entrevista com Jarbas Vasconcelos: "O PMDB é Corrupto"


Senador peemedebista diz que a maioria dos integrantes
do seu partido só pensa em corrupção e que a eleição de
José Sarney à presidência do Congresso é um retrocesso


Por Otávio Cabral (Veja)


"A maioria se incorpora a essas coisas pelas quais os governos vêm sendo denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral"
A ideia de que parlamentares usem seu mandato preferencialmente para obter vantagens pessoais já causou mais revolta. Nos dias que correm, essa noção parece ter sido de tal forma diluída em escândalos a ponto de não mais tocar a corda da indignação. Mesmo em um ambiente político assim anestesiado, as afirmações feitas pelo senador Jarbas Vasconcelos, de 66 anos, 43 dos quais dedicados à política e ao PMDB, nesta entrevista a VEJA soam como um libelo de alta octanagem. Jarbas se revela decepcionado com a política e, principalmente, com os políticos. Ele diz que o Senado virou um teatro de mediocridades e que seus colegas de partido, com raríssimas exceções, só pensam em ocupar cargos no governo para fazer negócios e ganhar comissões. Acusa o ex-governador de Pernambuco: "Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção".


Veja - O que representa para a política brasileira a eleição de José Sarney para a presidência do Senado?

Jarbas Vasconcelos - É um completo retrocesso. A eleição de Sarney foi um processo tortuoso e constrangedor. Havia um candidato, Tião Viana, que, embora petista, estava comprometido em recuperar a imagem do Senado. De repente, Sarney apareceu como candidato, sem nenhum compromisso ético, sem nenhuma preocupação com o Senado, e se elegeu. A moralização e a renovação são incompatíveis com a figura do senador.

Veja - Mas ele foi eleito pela maioria dos senadores.

Jarbas Vasconcelos - Claro, e isso reflete o que pensa a maioria dos colegas de Parlamento. Para mim, não tem nenhum valor se Sarney vai melhorar a gráfica, se vai melhorar os gabinetes, se vai dar aumento aos funcionários. O que importa é que ele não vai mudar a estrutura política nem contribuir para reconstruir uma imagem positiva da Casa. Sarney vai transformar o Senado em um grande Maranhão.

Veja - Como o senhor avalia sua atuação no Senado?

Jarbas Vasconcelos - Às vezes eu me pergunto o que vim fazer aqui. Cheguei em 2007 pensando em dar uma contribuição modesta, mas positiva – e imediatamente me frustrei. Logo no início do mandato, já estourou o escândalo do Renan (Calheiros, ex-presidente do Congresso que usou um lobista para pagar pensão a uma filha). Eu me coloquei na linha de frente pelo seu afastamento porque não concordava com a maneira como ele utilizava o cargo de presidente para se defender das acusações. Desde então, não posso fazer nada, porque sou um dissidente no meu partido. O nível dos debates aqui é inversamente proporcional à preocupação com benesses. É frustrante.

Veja - O senador Renan Calheiros acaba de assumir a liderança do PMDB...

Jarbas Vasconcelos - Ele não tem nenhuma condição moral ou política para ser senador, quanto mais para liderar qualquer partido. Renan é o maior beneficiário desse quadro político de mediocridade em que os escândalos não incomodam mais e acabam se incorporando à paisagem.

Veja - O senhor é um dos fundadores do PMDB. Em que o atual partido se parece com aquele criado na oposição ao regime militar?

Jarbas Vasconcelos - Em nada. Eu entrei no MDB para combater a ditadura, o partido era o conduto de todo o inconformismo nacional. Quando surgiu o pluripartidarismo, o MDB foi perdendo sua grandeza. Hoje, o PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte. É uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos.

Veja - Para que o PMDB quer cargos?

Jarbas Vasconcelos - Para fazer negócios, ganhar comissões. Alguns ainda buscam o prestígio político. Mas a maioria dos peemedebistas se especializou nessas coisas pelas quais os governos são denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral. A corrupção está impregnada em todos os partidos. Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção.

Veja - Quando o partido se transformou nessa máquina clientelista?

Jarbas Vasconcelos - De 1994 para cá, o partido resolveu adotar a estratégia pragmática de usufruir dos governos sem vencer eleição. Daqui a dois anos o [a eleição para presidente não havia acontecido, e o que o senador previu se concretizou...] PMDB será ocupante do Palácio do Planalto, com José Serra ou com Dilma Rousseff. Não terá aquele gabinete presidencial pomposo no 3º andar, mas terá vários gabinetes ao lado.

Veja - Por que o senhor continua no PMDB?

Jarbas Vasconcelos - Se eu sair daqui irei para onde? É melhor ficar como dissidente, lutando por uma reforma política para fazer um partido novo, ao lado das poucas pessoas sérias que ainda existem hoje na política.

Veja - Lula ajudou a fortalecer o PMDB. É de esperar uma retribuição do partido, apoiando a candidatura de Dilma?

Jarbas Vasconcelos - Não há condições para isso. O PMDB vai se dividir. A parte majoritária ficará com o governo, já que está mamando e não é possível agora uma traição total. E uma parte minoritária, mas significativa, irá para a candidatura de Serra. O partido se tornará livre para ser governo ao lado do candidato vencedor.

Veja - O senhor sempre foi elogiado por Lula. Foi o primeiro político a visitá-lo quando deixou a prisão, chegou a ser cotado para vice em sua chapa. O que o levou a se tornar um dos maiores opositores a seu governo [o de Lula] no Congresso?

Jarbas Vasconcelos - Quando Lula foi eleito em 2002, eu vim a Brasília para defender que o PMDB apoiasse o governo, mas sem cargos nem benesses. Era essencial o apoio a Lula, pois ele havia se comprometido com a sociedade a promover reformas e governar com ética. Com o desenrolar do primeiro mandato, diante dos sucessivos escândalos, percebi que Lula não tinha nenhum compromisso com reformas ou com ética. Também não fez reforma tributária, não completou a reforma da Previdência nem a reforma trabalhista. Então eu acho que já foram seis anos perdidos.[essa entrevista foi em 2008] O mundo passou por uma fase áurea, de bonança, de desenvolvimento, e Lula não conseguiu tirar proveito disso.

Veja - A favor do governo Lula há o fato de o país ter voltado a crescer e os indicadores sociais terem melhorado.

Jarbas Vasconcelos - O grande mérito de Lula foi não ter mexido na economia. Mas foi só. O país não tem infraestrutura, as estradas são ruins, os aeroportos acanhados, os portos estão estrangulados, o setor elétrico vem se arrastando. A política externa do governo é outra piada de mau gosto. Um governo que deixou a ética de lado, que não fez as reformas nem fez nada pela infraestrutura agora tem como bandeira o PAC, que é um amontoado de projetos velhos reunidos em um pacote eleitoreiro. É um governo medíocre. E o mais grave é que essa mediocridade contamina vários setores do país. Não é à toa que o Senado e a Câmara estão piores. Lula não é o único responsável, mas é óbvio que a mediocridade do governo dele leva a isso.


"O marketing de Lula mexe
com o país. Ele optou
pelo assistencialismo,
o que é uma chave para
a popularidade em
um país pobre.
O Bolsa Família é
o maior programa
oficial de compra
de votos do mundo"

Veja - Mas esse presidente que o senhor aponta como medíocre é recordista de popularidade. Em seu estado, Pernambuco, o presidente beira os 100% de aprovação.

Jarbas Vasconcelos - O marketing e o assistencialismo de Lula conseguem mexer com o país inteiro. Imagine isso no Nordeste, que é a região mais pobre. Imagine em Pernambuco, que é a terra dele. Ele fez essa opção clara pelo assistencialismo para milhões de famílias, o que é uma chave para a popularidade em um país pobre. O Bolsa Família é o maior programa oficial de compra de votos do mundo.

Veja - O senhor não acha que o Bolsa Família tem virtudes?

Jarbas Vasconcelos - Há um benefício imediato e uma consequência futura nefasta, pois o programa não tem compromisso com a educação, com a qualificação, com a formação de quadros para o trabalho. Em algumas regiões de Pernambuco, como a Zona da Mata e o agreste, já há uma grande carência de mão-de-obra. Famílias com dois ou três beneficiados pelo programa deixam o trabalho de lado, preferem viver de assistencialismo. Há um restaurante que eu frequento há mais de trinta anos no bairro de Brasília Teimosa, no Recife. Na semana passada cheguei lá e não encontrei o garçom que sempre me atendeu. Perguntei ao gerente e descobri que ele conseguiu uma bolsa para ele e outra para o filho e desistiu de trabalhar. Esse é um retrato do Bolsa Família. A situação imediata do nordestino melhorou, mas a miséria social permanece.

Veja - A oposição está acuada pela popularidade de Lula?

Jarbas Vasconcelos - Eu fui oposição ao governo militar como deputado e me lembro de que o general Médici também era endeusado no Nordeste. Se Lula criou o Bolsa Família, naquela época havia o Funrural, que tinha o mesmo efeito. Mas ninguém desistiu de combater a ditadura por isso. A popularidade de Lula não deveria ser motivo para a extinção da oposição. Temos aqui trinta senadores contrários ao governo. Sempre defendi que cada um de nós fiscalizasse um setor importante do governo. Olhasse com lupa o Banco do Brasil, o PAC, a Petrobras, as licitações, o Bolsa Família, as pajelanças e bondades do governo. Mas ninguém faz nada. Na única vez em que nos organizamos, derrotamos a CPMF. Não é uma batalha perdida, mas a oposição precisa ser mais efetiva. Há um diagnóstico claro de que o governo é medíocre e está comprometendo nosso futuro. A oposição tem de mostrar isso à população.


"Eu fui oposição ao governo
militar e me lembro de que
Médici era endeusado
no Nordeste. Mas ninguém
desistiu de combater a
ditadura. A popularidade
de Lula não deveria ser
motivo para a extinção
da oposição"

Veja - Para o senhor, o governo é medíocre e a oposição é medíocre. Então há uma mediocrização geral de toda a classe política?

Jarbas Vasconcelos - Isso mesmo. A classe política hoje é totalmente medíocre. E não é só em Brasília. Prefeitos, vereadores, deputados estaduais também fazem o mais fácil, apelam para o clientelismo. Na política brasileira de hoje, em vez de se construir uma estrada, apela-se para o atalho. É mais fácil.

Veja - Por que há essa banalização dos escândalos?

Jarbas Vasconcelos - O escândalo chocava até cinco ou seis anos atrás. A corrupção sempre existiu, ninguém pode dizer que foi inventada por Lula ou pelo PT. Mas é fato que o comportamento do governo Lula contribui para essa banalização. Ele só afasta as pessoas depois de condenadas, todo mundo é inocente até prova em contrário. Está aí o Obama dando o exemplo do que deve ser feito. Aqui, esperava-se que um operário ajudasse a mudar a política, com seu partido que era o guardião da ética. O PT denunciava todos os desvios, prometia ser diferente ao chegar ao poder. Quando deixou cair a máscara, abriu a porta para a corrupção. O pensamento típico do servidor desonesto é: "Se o PT, que é o PT, mete a mão, por que eu não vou roubar?". Sofri isso na pele quando governava Pernambuco.

Veja - É possível mudar essa situação?

Jarbas Vasconcelos - É possível, mas será um processo longo, não é para esta geração. Não é só mudar nomes, é mudar práticas. A corrupção é um câncer que se impregnou no corpo da política e precisa ser extirpado. Não dá para extirpar tudo de uma vez, mas é preciso começar a encarar o problema.

Veja - Como o senhor avalia a candidatura da ministra Dilma Rousseff?

Jarbas Vasconcelos - A eleição municipal mostrou que a transferência de votos não é automática. Mesmo assim, é um erro a oposição subestimar a força de Lula e a capacidade de Dilma como candidata. Ela é prepotente e autoritária, mas está se moldando. Eu não subestimo o poder de um marqueteiro, da máquina do governo, da política assistencialista, da linguagem de palanque. Tudo isso estará a favor de Dilma.
[mutos subestimaram...o honrado senador aqui mais uma vez foi certeiro, mesmo a eleição presidencial sendo dois anos depois]

Veja - O senhor parece estar completamente desiludido com a política.

Jarbas Vasconcelos - Não tenho mais nenhuma vontade de disputar cargos. Acredito muito em Serra e me empenharei em sua candidatura à Presidência. Se ele ganhar, vou me dedicar a reformas essenciais, principalmente a política, que é a mãe de todas as reformas. Mas não tenho mais projeto político pessoal. Já fui prefeito duas vezes, já fui governador duas vezes, não quero mais. Sei que vou ser muito pressionado a disputar o governo em 2010, mas não vou ceder. Seria uma incoerência voltar ao governo e me submeter a tudo isso que critico.

PALAVRAS DO BLOGUEIRO

Porque decido publicar uma entrevista de mais de dois anos atrás? Primeiro para exaltar a antevisão e perspicácia deste senador íntegro e preocupado sinceramente com o país.

Segundo, aqui neste meu humilde espaço, e outros que contribuo, sempre tive um lema quando falo de política: Não jogar todos os políticos na vala comum...aliás isso é feito por 90% dos Blogs e Jornais...Não entendo isso..sinceramente acho que quem é corrupto e preocupado somente com seu bolso deve sim ser criticado, mas àqueles que fazem o bem, são íntegros devem ser exaltados também...até para que, àqueles que me lêem, tenham as referências boas, pois as ruins todos mostram....como um jovem, que queira contribuir com a sociedade, vai entrar na política sem as referências boas? Aqui o Senador Jarbas Vasconcelos é uma destas boas figuras da Política.

Terceiro, esta entrevista é pertinente.

Jarbas Vasconcelos está liderando no senado, junto com Pedro Simon - correligionário íntegro, portanto outra referência política boa - um movimento de oposição ao grupo de Sarney, uma espécie, nas palavras de Dora Kramer, de "rebelião pacífica" dentro do próprio PMDB,com objetivo de disputar eleição para presidente e impedir que José Sarney tenha êxito no plano fazer de Renan Calheiros seu sucessor.Tem aderido a "rebelião" vários novatos, como: Eduardo Braga, (AM) Luiz Henrique (SC), Casildo Maldaner(SC)Roberto Requião(PR) Ricardo Ferraço(ES) Waldemir Moka(MS) e tem conseguido êxito, como diz a ótima articulista Política Dora Kramer:

"A Pressão deles conseguiu fazer com que Renan Calheiros e Romero Jucá fossem à tribuna defender que a presidente Dilma Rousseff vetasse duas emendas em medidas provisórias apresentadas por parlamentares do próprio partido e consideradas indecentes:

Uma dava anistia a dívidas de banqueiros falidos e outra prorrogava,sem licitação, os contratos de lojas e serviços comerciais nos aeroportos.

E por que Renan e Jucá atenderam às exigências, quando normalmente não dariam bola para reclamações? Porque o grupo dos oito recebeu a adesão de outros três e, com isso, formaram maioria de 11 numa bancada à época de 19 (hoje são 20)senadores.Se não aceitassem, poderiam ter dificuldades: por exemplo, perder apoio para se manterem respectivamente como líderes do partido e do governo no senado.

Já ouve também ampliação da interlocução com o governo, até então uma exclusividade da trinca Sarney, Renan e Jucá.A idéia desses senadores é estabelecer um ambiente mais qualificado na bancada do PMDB, a maior do senado, e depois estender o movimento para outros partidos onde há parlamentares igualmente desconfortáveis com a degradação da casa"

Como arrematou a ótima articulista, é um movimento promissor, e que com paciência e poder de convencimento, poderá alterar a correlação de forças que estava em favor do "pacto da mediocridade" liderada por Sarney.Veja como este homem chamado Jarbas Vasconcelos se revesti de importância para pôr fim aos corruptos, coronéis e outros "comandantes do atraso" com que ainda pululam a política Brasileira.

Saiba como fiscalizar os gastos com a verba pública



Notícias de escândalos de corrupção no Brasil não são novidade. O que poucos sabem é que o acesso a informações de gastos com a verba pública está disponível para a população em geral. Diversos sites – inclusive os oficiais – ajudam o eleitor a fiscalizar minuciosamente os orçamentos de cada órgão e acompanhar as ações dos políticos. Com essas ferramentas, fica fácil descobrir quando um deputado federal pagar caro num restaurante e manda a conta para a Câmara.

Veja a lista de sites abaixo:

Amarribo: Atua na promoção da cultura da probidade e na fiscalização de gastos públicos, além de disponibilizar informações para a formação de ONGs fiscalizadoras de prefeituras e câmaras municipais em todo o Brasil.

Às Claras: Projeto da ONG Transparência Brasil que permite saber quem financia quem nas campanhas políticas, com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Contas Abertas: Acompanhamento dos gastos públicos de todos os poderes. O portal oferece cursos online gratuitos sobre execução orçamentária e disponibiliza dados das transferências feitas pela União para Estados e municípios.

Controladoria Geral da União: O cidadão pode verificar os relatórios de fiscalizações de municípios e irregularidades sobre a transferência de verbas.

Copa Transparente: Portal criado pelo Senado para fiscalizar a Copa do Mundo de Futebol 2014.

ONG Transparência Brasil: O site carrega o histórico dos governadores e parlamentares brasileiros no Congresso Nacional, assembleias estaduais, câmaras das capitais. Ainda é possível ler matérias sobre corrupção nos jornais.

Portal da Transparência do Senado: Dados e informações detalhados sobre a gestão administrativa e a execução orçamentária e financeira do Senado Federal.

Portal Transparência da Câmara dos Deputados: Portal da Câmara dos Deputados dá a oportunidade aos eleitores fiscalizarem os gastos e atuação de cada parlamentar.

Portal Transparência: Por meio do portal é possível consultar detalhadamente todos oconvênios firmados pelas prefeituras e governos estaduais com a União. A atualização dos dados é diária.

Siga Brasil: Sistema de informações que permite acesso a diversas bases de dados sobre planos e orçamentos públicos federais.

Tribunal de Contas da União: O cidadão tem acesso a todos os cidados nos processos em tramitação na Justiça.

Tribunal Superior Eleitoral: Prestações de contas de todos os candidatos desde as eleições de 2000.

Vote na Web: Possibilita inteiração e opinião dos internautas sobre os projetos de lei que estão sendo votados no Congresso Nacional.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Fracassos da Copa América: de quem é a culpa?



*Por Pedro Pinto é âncora de esportes da CNN International e no Brasil escreve exclusivamente para o Yahoo

Quanto mais alto se é, maior é a queda.Os gigantes da América do Sul, Argentina e Brasil, que venceram, combinados, um total de 22 títulos da Copa América, foram ambos eliminados da competição no fim de semana.

Como isso aconteceu? Muitos fãs têm sido rápidos em apontar seus dedos para as estrelas Lionel Messi da Argentina e Neymar do Brasil.

No entanto, antes que você faça isso, leia os meus argumentos a respeito de por que os treinadores são realmente os culpados.

Vamos começar com os anfitriões, Argentina. Eles iniciaram a competição com duas performances incrivelmente pobres no Grupo A, um empate 1-1 com a Bolívia e um empate 0-0 com a Colômbia. O treinador Sergio Batista teve de arcar com uma enorma carga de culpa. Por quê?

Bem, ele insistiu em deixar jogadores como Angel Di María, Sergio Aguero, Higuain e Javier Pastore no banco, quando todos eles terminaram a temporada em alta. Seus substitutos, Ezequiel Lavezzi, Carlos Tevez, Ever Banega e Esteban Cambiasso não conseguiram brilhar.

Eventualmente, após a pressão dos torcedores do país e da mídia, Batista fez algumas mudanças a tempo para vencer confortavelmente contra a Costa Rica, que garantiu lugar nas quartas de final.

Mas nem tudo estava bem. Mesmo garantindo um lugar na próxima rodada, ao não encontrar seu melhor XI logo no início da competição, o treinador perdeu a chance de solidificar seu lado e eles perderam humildemente nos pênaltis para o Uruguai, apesar de La Celeste ter sido reduzida a 10 homens aos 38 minutos.

Você pode pensar "Ah, é fácil culpar o técnico quando as coisas dão errado". Mas acredite em mim, Batista tem que assumir a culpa por não conseguir encontrar não só os melhores jogadores, mas o melhor sistema para beneficiar o melhor jogador do planeta: Messi.

Agora, eu tenho dito isso há anos e vou dizer outra vez. Messi marca uma quantidade astronômica de gols pelo Barcelona graças a um homem: Xavi.

Ele é o homem puxando as cordas e permitindo ao fenômeno argentino pegar a bola nas áreas do campo onde ele pode fazer o maior dano possível. A Argentina não tem ninguém como Xavi, então, obviamente, não haveria maneira de o Messi marcar tantas vezes quanto ele faz pelo Barça.

No entanto, até agora, os técnicos argentinos deveriam ter encontrado um sistema que permitiria o atual jogador mundial do ano se destacar.

Em nove jogos pela Argentina na Copa do Mundo no ano passado e na Copa América deste ano, quantos gols Messi marcou? Zero. Estranho, mas verdadeiro.

Agora, por mais que você diga que ele jogou mal pelo seu país, eu não concordo. Ele tenta tão duro como faz pelo Barcelona, e é tão influente quanto.

O problema é que ele não marca, e isso acontece porque ele tem que constantemente buscar a bola e nunca a recebe em uma posição onde ele pode alcançar o fundo da rede.

Contra o Uruguai, Batista tinha Aguero, Di Maria e Higuain na frente. Messi deveria estar no buraco com dois volantes atrás dele. Agora, foi esse o cenário ideal para que ele se destacasse? Não.

Leo deveria sempre fazer parte dos três da frente, com alguém lhe passando a bola. Alguém como Pastore, alguém como Banega, alguém que seja criativo.

Por mais que eu respeite Javier Mascherano e Javier Zanetti, eles não são armadores e não têm a habilidade ou talento para construir jogadas. Eles são destruidores em primeiro lugar, e não podem cumprir esse papel.

Após a derrota nos pênaltis para o Uruguai, Batista disse: "Eu não diria que foi um desastre." Ele está errado. Foi um desastre e ele será demitido em breve. Acredite em mim.

Enfim, agora falando do Brasil. A Seleção ganhou os dois últimos títulos da Copa América, em 2004 e 2007. Com a próxima Copa do Mundo sendo realizada em sua casa, o técnico Mano Menezes está trabalhando com a compreensão que ele DEVE construir um time que possa vencer a competição de 2014. Seu primeiro teste foi o torneio na Argentina, e eu tenho que dizer que ele falhou nesse teste.

Agora, eu não sou ingênuo o suficiente para esperar que o Brasil jogue com o talento e habilidade de outrora. O Futebol Bonito morreu, e é mais importante ganhar do que entreter.

No entanto, o que eu não posso aceitar é o Brasil jogando em um sistema com dois volantes, com todo o talento que têm no meio-campo. Eles fizeram isso na Copa do Mundo, com Felipe Melo e Gilberto Silva, e eles fizeram isso novamente na Copa América, com Lucas Leiva e Ramires. Se Dunga, o treinador passado, foi demitido porque seu tipo de futebol era defensivo e previsível, então como pode Mano seguir seus passos?

Muito foi escrito e dito sobre Neymar, a estrela adolescente, antes deste evento. Não há dúvidas em minha mente, ele é incrivelmente talentoso, mas esperar que ele seja o cara que vai conseguir a taça para você não é justo. Ele não é tão bom assim, e ainda não alcançou todo o seu potencial.

Além disso, pedir a outro jovem, Ganso, que organize o ataque do time quando ele acaba de voltar de uma lesão grave e ainda não atingiu o pico de sua forma física é simplesmente idiota.

Agora, esta Copa América será uma grande lição para Mano Menezes acordar. A primeira coisa que ele precisa fazer é encontrar jogadores de meio-campo melhores. Lucas, Sandro, Elias e Ramires não são bons o suficiente.

Eles podem trabalhar duro, eles podem ser disciplinados, mas você não pode escolher dois desses caras no seu XI incial e esperar vencer as melhores equipes do planeta.

E o Hernanes, da Lazio? Que tal alguns dos garotos que acabaram de vencer o Campeonato Sul-Americano Sub-17? Mano precisa encontrar respostas. Caso contrário, ele se verá sem trabalho antes da próxima Copa do Mundo, daqui a três anos.

*Pedro Pinto é âncora de esportes da CNN International e no Brasil escreve exclusivamente para o Yahoo

terça-feira, 19 de julho de 2011

Será o fim de Rupert Murdoch?

Ricken Patel - Avaaz.org para mim

Caros amigos,

Durante décadas, Murdoch tem tido um reinado impune, criando e destruindo governos através de seu vasto império midiático. Mas nós estamos fazendo frente a esse império e ganhando! Tivemos um papel crucial para impedir que Murdoch obtivesse o controle da mídia britânica. Agora estamos transformando nossa acalorada campanha britânica em uma campanha global, para reverter a ameaça de Murdoch em todos os demais países, com campanhas, investigações e medidas legais. Clique aqui para fazer sua doação:


Grampo ilegal de telefones de crianças vítimas de homicídio, suborno de policiais, destruição de provas de crimes, ameaças a políticos... As lideranças do Reino Unido dizem que o império de Rupert Murdoch “ingressou no submundo do crime”. Durante décadas, Murdoch tem tido um reinado impune, criando e destruindo governos através de seu vasto patrimônio midiático e forçando seus adversários ao silêncio, mas nós estamos fazendo frente a isso tudo e ganhando!

Através de quase 1 milhão de ações, 7 campanhas, 30.000 ligações telefônicas, investigações e inúmeras manobras e táticas jurídicas, tivemos um papel de destaque e conseguimos impedir que Murdoch comprasse mais de 50% da mídia comercial britânica! Agora estamos transformando nossa acalorada campanha britânica em uma campanha global, para reverter a ameaça de Murdoch em todos os demais países.

Este é nosso plano: juntos, podemos a) contratar investigadores para expor as táticas corruptas de Murdoch também fora do Reino Unido, b) organizar personalidades para romper o ciclo de medo e dar seu depoimento sobre essa questão e c) mobilizar pessoas em países de destaque em defesa de novas leis e medidas legais que bloqueiem as atividades de Murdoch e limpem a credibilidade dos meios de comunicação de uma vez por todas.

A Avaaz tem membros em todos os países em que Murdoch opera, e isso faz de nosso movimento o único capaz de promover e ganhar uma campanha de fato contra esse império global. A hora é esta! Se apenas 20.000 participantes da campanha doarem cada um uma pequena quantia, poderemos agarrar essa raríssima chance. Clique no link abaixo para dar sua colaboração:

https://secure.avaaz.org/po/stop_rupert_murdoch_donate/?vl

Durante semanas, revelações em ritmo quase diário têm desvendado a amplitude das atividades corruptas de Murdoch na mídia britânica. Os espiões do magnata grampearam ilegalmente os telefones de milhares de pessoas, inclusive de viúvas em luto e soldados que haviam morrido no Iraque, roubaram as informações bancárias de um primeiro-ministro, hostilizando-o durante 10 anos, e pagaram enormes quantias de dinheiro a policiais. O filho de Rupert, James Murdoch, autorizou em pessoa o pagamento de suborno para que as vítimas se calassem.

Mas essa é apenas a ponta do iceberg: Murdoch é um problema global. Ele é famoso por ditar posicionamentos editoriais em seus jornais. Ele corrompe e controla democracias, forçando políticos a apoiar as ideias extremistas que ele tem em matéria de guerra, tortura, negacionismo climático e diversos outros males planetários e destruindo as carreiras de políticos com campanhas de difamação a menos que suas ordens sejam seguidas. Nos Estados Unidos, ele ajudou a eleger George W. Bush e mantém em sua folha de pagamentos a maioria dos presidenciáveis republicanos. A rede Fox News Network, que é parte do império de Murdoch, espalhou notícias para promover a guerra no Iraque, estimulou ressentimento contra muçulmanos e imigrantes e criou o movimento populista de direita. E o pior de tudo, talvez, é que ele ajudou a bloquear cruciais medidas globais contra as mudanças climáticas.

O reinado de medo de Murdoch está se desmoronando e muitas pessoas estão se animando a dar depoimentos contra as táticas do magnata. A represa está prestes a se romper nos EUA, Austrália e outros países, mas precisamos dar um empurrão urgente, investigando mais as atividades de Murdoch, organizando uma oposição de destaque e fazendo com que nossos políticos aprovem leis que limpem a credibilidade de nossos meios de comunicação de uma vez por todas. Vamos nos unir para que isso se torne realidade:

https://secure.avaaz.org/po/stop_rupert_murdoch_donate/?vl

Nossa comunidade continuou fazendo campanha contra Murdoch mesmo quando quase todos no Reino Unido já haviam abandonado a esperança. Por sermos um movimento popular, não temos o medo que quase todos têm de Murdoch. Isto porque a força popular traz consigo o potencial de transformação do mundo. Hoje, a esperança está brotando no Reino Unido. Vamos fazer com que isso aconteça em também em nível global.

Com determinação,

Ricken, Emma, Maria Paz, Giulia, Luis, Alice, Brianna e o resto da equipe da Avaaz

domingo, 17 de julho de 2011

USA for Africa - We are the world (Legendado para o Português) Michael Jackson - Canção Inesquecível

Afinal, o que quer Hugo Chávez? - Arnaldo Jabor via CBN

Afinal, o que quer Hugo Chávez? - CBN

Criança é incentivada a dar seus brinquedos à Igreja Universal

Redação SRZD Mundo Evangélico

Segundo a reportagem do site da "Folha", durante a "fogueira santa", campanha organizada pela Igreja Universal do Reino de Deus, bispo incentiva criança de nove anos a vender seus brinquedos e doar o dinheiro para a Instituição. Enquanto isso sua mãe era exorcizada no altar. O fato ocorreu em um dos templos localizados em Santo Amaro, Zona Sul de São Paulo.

Durante o vídeo, que pode ser visto no blog do bispo Edir Macedo, fundador e líder da igreja, a criança conta ao bispo Guaracy Santos que seus pais tem brigado com freqüência. Bispo questiona sobre o que ele faria para ver mudada a situação dos pais. "Eu vou dar tudo que tenho", responde a criança. "E o que é tudo que você tem?", pergunta Guaracy. "Brinquedo", diz o menino.

O bispo continua insistindo: "Você vai vender?". A criança diz que sim, e Guaracy pergunta, referindo-se ao dinheiro: "Para colocar onde?" "No altar", diz a criança.

De acordo com especialistas, o vídeo fere os princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ao expor o menino a possíveis constrangimentos, mesmo com o rosto tampado.

Segundo o presidente da Comissão de Direitos Infanto-juvenis da OAB-SP, Ricardo Cabezón, afirma que o recurso não impede que o menino seja identificado por conhecidos.

O vídeo que foi postado no portal Youtube, já teve mais de 500 comentários no blog de Macedo elogiando a "valentia" do menino

Veja:

PENSAMENTO DO DIA



Bom dia, amigos!

Tenham um ótimo dia!

Beijos carinhosos repletos de LUZ, AMOR, PAZ e ALEGRIA nos seus corações

Ana Lucia G. Sarcià


"Se vocês conseguirem não depender mais da presença física daqueles que
amam, conservarão para sempre o seu amor e a sua alegria.

Não serão mais sujeitos das circunstâncias, pois viverão no único mundo verdadeiramente real: o seu mundo interior, com o qual formam uma unidade. Assim que saem do seu mundo interior, sentem que os seres e as coisas lhes escapam, e ficam à
mercê dos acontecimentos.

Será que vocês sabem por quanto tempo o ser amado permanecerá ao seu lado?

Não, talvez um dia ele vá embora. Então, esforcem-se em colocar a sua
consciência nas regiões elevadas onde as circunstâncias não têm nenhum poder
sobre vocês, lá onde o sol do amor jamais se põe. Projetem-se na luz desse
sol eterno. Enquanto aqueles que amam estiverem dentro de vocês, nenhuma
força do mundo poderá tirá-los."

Omraam Mikhaël Aïvanhov

sexta-feira, 15 de julho de 2011

DEPUTADO DUTRA DIZ: "SARNEY DETÉM O CONTROLE DOS CARGOS NO BANCO DA AMAZÔNIA (BASA) EM BELÉM"


Sarney foge de Dutra em sessão do Congresso

Do Blog John Cutrim / Blog Marrapá

O deputado federal Domingos Dutra (PT) lamentou a ausência do presidente do Senado, José Sarney, durante seu pronunciamento na sessão do Congresso na tarde desta quarta-feira (13). Ao observar na lista de oradores que Dutra seria o primeiro orador, Sarney saiu da mesa e passou a presidência a Vice-Presidente, deputada Rose de Freitas (PMDB/ES).

Na ocasião, Dutra discorreu sobre as declarações, a qual classificou de “inverdades”, concedidas por Sarney ao jornal Correio Braziliense, na edição do último dia 8.

“Gostaria que José Sarney estivesse presente para ouvir meus comentários sobre a série de bobagens que ele declarou na entrevista. Vou destacar alguns sofismas, algumas inverdades, para não dizer mentiras citadas na entrevista”, disse Domingos Dutra na tribuna.

Em um dos trechos da entrevista ao Correio Braziliense, Sarney afirmou que faz política sem clientelismo, onde destaca que não é apegado a cargos. “O presidente do Senado José Sarney é incoerente, pois, ele controla todos os cargos no Maranhão, detêm o controle dos cargos no Banco da Amazônia (Basa), em Belém”, citou o deputado.

“Além de comandar cargos no Amapá e ser dono do setor elétrico há décadas, Sarney também tinha um ninho na VALEC Engenharia, Construções e Ferrovias e possui cargo na Caixa Econômica”, exemplificou Dutra.

Dutra destacou a pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) a qual aponta o Maranhão como o Estado com o maior número de pobres no Brasil. “1,7 milhão de maranhense vive com menos de R$70,00”, lembrou.

O petista também fez menção aos números recém divulgados pela Veja os quais equiparam o Maranhão aos países mais pobres do mundo. A revista apontou a renda per capita do maranhense em R$510,00, menor que a renda de El Salvador; como também mostrou que 14% da população do Estado está em extrema pobreza, idêntica à população da Indonésia.

A revista pontuou também que o Indicie de Desenvolvimento Humano (IDH) do Maranhão é de 0,68, igual ao IDH da Namíbia; e a expectativa de vida do maranhense na faixa de 68 anos, pior do que o Uzbequistão. O periódico comparou também o índice de mortalidade infantil, que é de 36 crianças por mil nascimentos, maior do que a do Iraque; além de enumerar que apenas 8% da população têm acesso à Internet, inferior ao do Sri Lanka.

“Não foi o Governador Jackson Lago o responsável pela desgraça a qual está o Maranhão hoje. A imagem negativa do Estado é por conta dos infelizes 57 anos de poder oligárquico da família Sarney”, enfatizou Domingos Dutra.

“Sarney cara de pau”

Dutra disse ainda que o senador José Sarney serviu os militares durante vinte anos e que votou contra as diretas, mudando de posicionamento quando percebeu que o regime militar estava no fim.

“Mas é muita cara de pau! Apoiou o Ato Institucional nº5 (AI-5) e foi conivente com a tortura. O maior exemplo é Manoel da Conceição que sobreviveu à torturas e permanece vivo para contar a história. Manoel foi preso e torturado no Maranhão, perdeu uma perna pela Polícia do Governo de José Saddam Mubarak Kadaf Sarney”, disparou o deputado.



Segundo Dutra, há uma grande distância entre o que Sarney fala e o que ele faz.

“José Sadam aproveitou a onda das ‘Diretas Já’ para se juntar a Tancredo Neves. Tancredo morreu – até hoje ninguém soube a causa –, e ele acabou assumindo. Era para ser apenas quatro anos no poder, ganhou um ano a mais em troca de dar canal de rádio e TV. Nesse período, Sarney deixou o Brasil com 86% de inflação. Fernando Collor disse que iria colocar Sarney na cadeia, e ele acabou governando junto com o Senador. Há muita coisa ainda obscura”, finalizou Dutra

quarta-feira, 13 de julho de 2011

FUTEBOL: TRIBUTO AO MELHOR GOLEIRO DA DÉCADA DE 80: RINAT DASSAEV




Pela passagem de seu aniversário, Rinat Dassaev, ou simplesmente Dassaev, que está completando 54 anos essa semana, foi o melhor goleiro do mundo da década de 1980.

Nascido em Astrakan, antiga União Soviética, no alto dos seus 1,86 de altura, jogou em apenas três clubes em toda sua carreira, no Volgar Astrakan,(1975-1977) no Spartak Moscou (1978-1987) e posteriormente no Sevilha da Espanha(1988-1991).Se destacou mesmo no clube da capital soviética, o Spartak, onde jogou por onze anos, e ganhou dois campeonatos soviéticos.Ídolo entre os torcedores, os mesmos diziam-no que conseguia voar de Moscou ao Himalaia, em alusão às suas saídas do gol acrobáticas e perfeitas.

Foi titular da seleção Soviética em 91 partidas, (1979-1990).Disputou as Copas do Mundo de 1982, 1986 e 1990, além da Olimpíada de 1980 (foi medalha de bronze) e também a Eurocopa de 1988 (foi vice-campeão, o melhor goleiro do torneio e, naquele ano, do mundo).

Dassaev aprimorava sua impulsão, reflexo e agilidade tanto na horizontal quanto na vertical ao fim de cada treinamento, fazendo sessões de corrida, salto em altura e em distância. Primava também pelo sangue frio frente aos adversários e pelo entrosamento com os outros jogadores de defesa.

Destacou-se especialmente no mundial de 1982, sendo lembrado por vários brasileiros pelo pesadelo que foi a sua grande atuação no jogo em que o Brasil venceu suadamente a URSS.

É considerado, ao lado do também ex-goleiro russo Lev Yashin e do ex-atacante ucraniano Oleh Blokhin, um dos três melhores futebolistas da extinta União Soviética.Lev Yashin, inclusive, o treinou, passando à ele sua experiência de maior goleiro de todos os tempos, e sucedendo-o no gol soviético.

É o segundo futebolista que mais jogou pela União Soviética, atrás apenas de Blokhin.Rinat Dasaev foi amplamente considerado como o maior goleiro do mundo na década de 1980, Dasaev ganhou o prêmio bola de ouro como melhor goleiro - Jogador Europeu do Ano - em 1982, 1983, 1985 e 1988, neste último ano foi também o melhor do mundo.

participou da comissão técnica da Seleção Russa entre 2003 e 2005, como preparador de goleiros. Desde 2006, está na comissão do Torpedo Moscou, na mesma função.

Foi escolhido para ser o embaixador da final da temporada 2007-08 da Liga dos Campeões da UEFA, partida esta disputada no Estádio Luzhniki (antigo Estádio Lênin), em Moscou, campo onde a Seleção Soviética costumava mandar seus jogos.

No mesmo Luzhniki, em 2007, realizou-se um amistoso de veteranos para as comemorações de seu 50º aniversário, em partida que contou com as participações estrangeiras de George Weah, Abédi Pelé, Toni Polster (ex-colega de Sevilla), Luigi de Agostini, Fernando de Napoli, Andoni Zubizarreta, Krasimir Balakov e três ex-jogadores que o enfrentaram na Copa de 1982: o neozelandês Wynton Rufer e os brasileiros Júnior e Éder,autor do dramático gol da virada canarinha sobre os soviéticos



Dassaev em jogo comemorativo pelo seu 50º aniversário





Como as imagens valem mais do mil palavras, eis um vídeo em sua homenagem, em três fundamentos> saídas do gol, iniciando os ataques e as defesas:


Um dos melhores, mais honestos e experientes marketeiros: Chico Santa Rita fala sobre os bastidores das eleições, plebiscitos, e Duda Mendonça.





PALAVRAS DO BLOGUEIRO

Essa entrevista foi dada em 06/05/2010,no jornal "O Povo" de Fortaleza, portanto, ainda antes das eleições para presidente, senador, e deputados federais e estaduais do ano passado.

Porém é pertinente para os leitores deste Blog, pois o Pará daqui a cerca de cinco meses votará o Plebiscito, uma consulta popular, para se saber se a população paraense (seja os legítimos, seja os adotados), quererá mutilar o estado do Pará em três, ficando o estado-mãe, o Pará, e os estados de Carajás e Tapajós.

Ele fala do plebiscito em que participou, para saber qual sistema de governo(se presidencialismo ou parlamentarismo) e qual formas de governo (Monarquia ou República)e sua campanha foi a vitoriosa, uma vez que trabalhou para o presidencialismo/República.

Ele fala também que nunca perdeu nenhuma campanha para Duda Mendonça, o marketeiro que ficou mais conhecido por ter trabalhado na campanha de Lula em 2002, e depois se viu enredado no valerioduto, e nos escândalos do mensalão, onde teve até que depor na CPI.

Também há um presente aos leitores, pois ao final da entrevista, há um link do site do Chico Santa Rita onde é possível baixar seu primeiro livro, "batalhas eleitorais" com o qual recomendo,pois o estou lendo, já estou no final já, e aprendi muito sobre os bastidores das campanhas eleitorais e do poder.

Eis a reportagem e entrevista:

Chico Santa Rita é um homem afeito a polêmicas. Foi o marqueteiro de Fernando Collor na reta final da campanha de 1989, quando colocou no ar a ex-namorada de Lula denunciando suposto pedido para que abortasse seu bebê, feito anos antes pelo então candidato que, 13 anos depois, seria eleito presidente.

Foi também o homem que comandou as campanhas vitoriosas nas duas consultas populares realizadas no Brasil desde a redemocratização: o plebiscito sobre a forma de governo, em 1993, no qual fez a campanha do presidencialismo, e o referendo do desarmamento, em 2005, quando comandou a surpreendente vitória do "não".

São apenas os momentos mais marcantes da trajetória de quem ajudou a eleger prefeitos, deputados, senadores e governadores - alguns igualmente polêmicos, como Orestes Quércia (1987-1990) e Luiz Antônio Fleury Filho (1991-1994), ambos em São Paulo.

É também um homem com ideias muito próprias sobre campanhas eleitorais, tanto do ponto de vista da estratégia quanto da ética. Critica programas "embonecados" e "ostentadores", relativiza o espaço da emoção e defende a necessidade de se usar a razão como alicerce da propaganda política. E rebate que o político seja um produto como outro qualquer.

Compra brigas ao renegar o envolvimento do marqueteiro com a captação de dinheiro. "Não sou Marcos Valério! Não sou Duda Mendonça!", brada durante diálogo que narra em seu último livro, Novas Batalhas Eleitorais (Ediouro, 2008).

E admite até certo amadorismo na forma de agir ao enfatizar, como princípio, que só trabalharia para um candidato a quem daria seu voto. Envolvimento que comprova quando, apesar de deixar claro o desconforto ao ser lembrado como "marqueteiro do Collor", defende o trabalho realizado naquela campanha, na qual entrou nas duas últimas semanas, com a missão de frear o crescimento de Lula.

Em meio a todas as facetas, destaca-se a visão da política como uma arena e da eleição como uma guerra. E calcula cada movimento meticulosamente, como os grandes generais do passado.

Agora, admite entrar nesse campo de batalha num novo papel: pensa na hipótese, que considera ainda remota, de ser candidato a deputado federal, pelo PV de São Paulo.

ENTREVISTA

O POVO - Há um personagem que permeia alguns momentos importantes do seu último livro, a partir logo do início, que é o Duda Mendonça. O senhor faz alguns elogios à condução dele da campanha vitoriosa do Lula em 2002, mas faz muitas críticas à postura dele, ética sobretudo. O senhor se considera um anti-Duda Mendonça?

Chico Santa Rita - Acho que não permeia. Falo em um momento só, depois eu conto outras histórias. Falo num momento só, exatamente falando dos escândalos do marketing político (Nota do redator: além do envolvimento com o mensalão, abordado logo no início do livro, Duda também é citado no meio do livro, quando Santa Rita fala da campanha presidencial de 2002, e, perto do fim, quando é mencionada a campanha de 1998 em Minas Gerais). Eu não me coloco como anti nada. Não me coloco como anti-Duda Mendonça. Aliás, uma coisa que precisa ficar clara é que eu tenho a minha história, ele tem a dele, e eu a respeito como marqueteiro. Apenas em todas as campanhas em que eu o enfrentei eu ganhei. Todas, 100%. Ele não tem uma vitória sequer para contar sobre mim. Sendo que tem uma campanha importantíssima foi a campanha para governador de São Paulo (1990). Ele fazia (Paulo) Maluf, eu fazia (Luiz Antônio) Fleury (Filho). Outra campanha importantíssima foi a campanha do plebiscito que decidiu a forma de governo. Ele fazia o parlamentarismo, charmoso. Eu fazia o presidencialismo. Não tenho nada contra, não. Eu quero que ele cuide da vida dele que eu cuido da minha.

OP - Em seu livro, o senhor faz uma divisão entre bons publicitários e bons profissionais de marketing político. O que é exatamente que os diferencia?

Santa Rita - Já vi publicitário dizendo que candidato é um produto como outro qualquer. Muita gente fala isso. Hoje está provado, e eu já venho falando isso há muitos anos, hoje está comprovado cientificamente que candidato não é produto. Até porque a forma mental de a pessoa escolher um produto é diferente da forma mental como ela escolhe um candidato. O produto é escolhido por processos emocionais. Que são quais: hábito de consumo, ou é um anúncio que viu na televisão. O candidato é escolhido dentro de um processo de conscientização. Ninguém chega na maquininha de votar e tem um impulso para votar nesse ou então naquele outro. A pessoa passa por um processo de conscientização. Eu digo que as pessoas passam, as pessoas normais, que não são nós. Nós sabemos explicar, temos uma cabeça feita. Agora, as pessoas normais, elas passam por um processo de conscientização. Se o processo é diferente, a forma de você interagir com esse processo tem de ser diferente. Toda vez que eu pego uma campanha absolutamente publicitária na minha frente, eu morro de alegria, porque eu sei aonde que eu vou pegar o sujeito.

OP - O senhor, quando escreve sobre a campanha do Geraldo Alckmin à Presidência em 2006, deixa a nítida impressão de que era possível para a oposição bater o Lula. O livro é de 2008. De lá para cá, o Lula se tornou um fenômeno de popularidade sem precedentes e o Alckmin nem sequer chegou ao segundo turno da eleição para prefeito de São Paulo, em 2008. O senhor não subestimou a força do Lula em alguma medida?

Santa Rita - Não. Naquele momento, eu estava indo para Brasília e no aeroporto encontrei com um editor da Folha de S.Paulo. E ele me perguntou como é que eu estava vendo a campanha. Eu disse a ele que estava vendo uma vitória mais ou menos tranquila do Lula, até porque a campanha do Alckmin era uma sucessão monumental de erros estratégicos de campanha. Isso numa conversa. Ele disse assim: ``Você escreve e assina isso? Eu publico na Folha``. Eu respondi: ``Escrevo e assino``. Tanto é que foi publicado antes, um artigo chamado Crônica de um naufrágio anunciado. O que eu vejo ali é que havia um erro fundamental estratégico: a campanha do Alckmin veio discutir obras com o Lula. Alckmin governador de São Paulo, Lula presidente. No mínimo, no mínimo, no mínimo, Lula tinha muito mais para mostrar do que Alckmin. E mais: uma campanha (do Lula) absolutamente correta, com um bom slogan, uma grande música: ``É Lula de novo, com a força do povo``. Uma coisa muito forte. Enquanto o Alckmin ficava mostrando obras. Eu acho que o tom daquela campanha, para o Alckmin ter alguma chance, teria de ser não uma questão funcional obrística, mas a questão ética e moral. O governo tinha passado por um escândalo, o maior que já houve na história do Brasil, o escândalo do mensalão. Isso não foi sequer levantado na campanha. Um esquema do mensalão que chegou às barbas do presidente, que os principais assessores dele estavam envolvidos, que não é possível a pessoa achar que só ele não sabia. O problema da campanha não era quem faz mais obra e quem tem capacidade de fazer mais obra. Era quem tem capacidade de ter um governo moralmente mais correto. Ético. A estratégia estava completamente equivocada.

OP - Mesmo com esse ajuste de estratégia, hoje, olhando pelo retrovisor, observando a popularidade que o Lula adquiriu, que é verdade que não é a mesma daquele momento, a impressão que fica é que o Lula era imbatível.

Santa Rita - Essas coisas, passados quatro anos, mudam. É um condicional: ``E se?`` Eu tenho na minha história muitas campanhas que eram também dadas como campanhas perdidas. E nós fomos atrás e fomos buscar, dentro de uma boa estratégia de marketing. É muito subjetivo dizer: ``E se?`` Alckmin, veja bem, ele foi para o segundo turno e conseguiu a proeza monumental de ter menos votos no segundo turno do que no primeiro.

OP - Como se explica isso?

Santa Rita - Campanha equivocada. Eu te dou como exemplo contrário a campanha do referendo sobre a venda de armas. Eu peguei uma situação que era 76% a 18% (a favor do sim à proibição da venda de armas e munição no Brasil), Datafolha, e virou 64% a 36% (a favor do não) no resultado. Nós soubemos, eu e minha equipe soubemos montar a estratégia correta e bater na coisa correta. E desmistificar uma coisa que era uma mentira. Porque falava em desarmamento numa coisa que não tinha desarmamento. Não ia desarmar ninguém, não era essa a questão. O que a pessoa ia votar era se era a favor ou contra a venda legal de armas. Porque, desarmamento pelo desarmamento, eu sou a favor do desarmamento. Agora, eu era contra uma mentira, que tentava se colocar para a população uma coisa que não existia. E se a campanha tivesse sido diferente? Talvez aquele desarmamento que não era desarmamento passasse com tranquilidade.

OP - O senhor fez as campanhas que venceram as duas consultas populares que houve desde a redemocratização. O senhor usou inclusive gente da mesma equipe do plebiscito de 1993 no referendo de 2005.

Santa Rita - Não foi a mesma equipe, mas houve algumas coincidências. O diretor de TV, Fernando Waisberg, e a minha assistente, Ana Maria Tebar. O restante era tudo equipe nova. Toda renovada. A parte dos editores era completamente diferente. E o espírito da campanha foi completamente diferente. A campanha do presidencialismo demonstrava que, num país como o Brasil, é um risco você levar para o Congresso a capacidade de escolher o governante. E aí, também, você tiraria da pessoa (o poder de decisão). Eu vejo pelo voto um respeito muito grande. É o momento em que todos são iguais. O voto vale um, seja o voto do rico, seja o voto do pobre, seja o voto do sujeito mais escolado ou menos escolado. É o momento em que a democracia se faz mais plena. Você querer tirar isso... E, na outra campanha, eu fiz uma demonstração clara de que aquele desarmamento não existia. E bati muito na questão do direito individual.

OP - O que há de específico nesse tipo de campanha, plebiscito e referendo, em relação a campanhas convencionais?

Santa Rita - Elas são mais difíceis, até, porque são campanhas sem candidatos. Você está trabalhando uma ideia. Quando você tem um candidato, ele sempre incorpora, ele, as ideias que ele vai trazer para a prefeitura, para o governo do estado, para a Presidência da República. Mas a ideia é sempre, pelo princípio, uma coisa subjetiva, que você pode discutir. Não tem uma pessoa que encarne essa ideia.

OP - Para a próxima campanha, o que o senhor está achando da disputa José Serra x Dilma Rousseff?

Santa Rita - Eu vejo uma campanha muito difícil. São dois candidatos complicados. Você tem a candidata Dilma, que precisa mostrar que é capaz por si só, em determinado momento. O empuxo do Lula, graças à boa administração do Lula, ao belo governo que o Lula fez, o empuxo do Lula é importante. Mas ele para num determinado momento, como indicação. As pessoas sabem que a candidata que é apoiada vai ter de governar. O Lula vai sair fora. Então as pessoas passam, num determinado momento, a exigir, a pedir que ela mostre o que é por si só. E ela é uma candidata difícil. Ela tem ido a programa de televisão, fala bobagem. Vejo-a com dificuldade de falar sozinha, quando não tem o apoio do Lula. Isso a candidatura Dilma. A candidatura Serra, eu vejo com dificuldade porque ele é uma pessoa que encarna uma coisa que é muito pesada para o resto do Brasil, uma coisa ofensivamente paulista. E é um sentimento da campanha brasileira ser uma campanha que fale para todo mundo, você tem de ter essa linguagem que fale para o Brasil todo. E São Paulo, pela sua história & não estou dizendo que isso seja verdade ou não, estou dando uma constatação & acaba sendo visto como um certo imperialismo paulista, entre aspas. Que vem São Paulo, com toda sua pujança, para querer mandar no Brasil. O Serra consegue encarnar muito fortemente isso. A tendência é eles (Dilma e Serra) ficarem nessa gangorra. A tendência é continuar.

OP - Qual o caminho para superar essas fraquezas?

Santa Rita - Eu não vou ensinar o caminho das pedras não recebendo para isso. Segundo, eu não gosto de colocar: e se eu estivesse... Não vou dar uma receita. Se eles quiserem uma receita, eles que me contratem (risos). Não me peça para dar a única coisa que eu tenho para vender.

OP - E a Marina Silva, no meio desse embate entre Serra e Dilma?

Santa Rita - A Marina vai ser vítima do desconhecimento dela e de um absurdo que é uma lei eleitoral maluca que a gente tem nesse país. A Marina é uma pessoa desconhecida ainda, bastante desconhecida. Ela precisaria de tempo na televisão para se mostrar. O tempo do PV é muito pequeno perto dos grandes partidos, na parte que é definida pela representação no Congresso. Mas uma parte do tempo é definida pelo número de candidatos. Esse tempo é de 10 minutos. O que o pessoal da Dilma, de um lado, e do Serra, de outro, estão fazendo? Eles estão incentivando, e pagando, candidatos inexpressivos para que lancem suas candidaturas. Se fossem só três candidatos, esses 10 minutos, você dividiria por três, você tinha 3min20seg para cada um, e aí a Marina teria um tempo maior, de quatro a cinco minutos para se mostrar. Aí nós vamos ter uma campanha suja na televisão, com candidatos inexpressivos. Divide-se o tempo de 10 minutos entre 15, 18 candidatos, a Marina vai ficar com 30 segundos, com mais 30 e pouco do partido, vai ficar com um minuto, só. Problemas de uma lei eleitoral, que nem é uma lei. É uma colcha de retalhos de resoluções. Você tem situações muito estranhas provocadas pela lei eleitoral. Vou te dar um exemplo. Aqui no Ceará, o Cid (Gomes, governador) é candidato natural. Não há ainda nem definição de adversários dele. Ele continua no governo, vai ficar no governo até a eleição, candidatando-se à reeleição. Vamos supor, por hipótese, que a prefeita Luizianne (Lins, do PT) quisesse ser candidata ao Governo. Está acoplado o partido dela (a Cid), mas vamos supor, por hipótese. O que a Luizianne teria de fazer? Teria de ter renunciado, logo no início de abril. Veja que discrepância, veja que coisa maluca. E a lei eleitoral é cheia dessas coisas. Está acontecendo em outros lugares do Brasil. Aconteceu na campanha do Alckmin. O Lula permaneceu no Governo e o Alckmin teve de renunciar ao Governo de São Paulo. Esse é o problema de uma lei eleitoral estapafúrdia que a gente tem, feita por meia dúzia de imbecis, que não sabem o que está acontecendo na realidade da vida brasileira.

OP - O senhor já definiu o que vai fazer nessa campanha?

Santa Rita - Eu tenho uma campanha já em andamento, no Mato Grosso do Sul, de reeleição do governador (André Puccinelli, do PMDB) e dos senadores. Tem algumas outras negociações. Tem até uma hipótese aí que eu vou estudar, uma possibilidade, remota, não sei até que ponto vai isso aí, de eu mesmo ser candidato a deputado federal (Santa Rita é filiado ao PV de São Paulo). Às vezes me dá vontade porque pode ser um momento em que eu coloque para valer uma voz alta contra essas coisas absurdas que a gente vê.

OP - O episódio no qual a Marta Suplicy (PT) fez o que foi interpretado como insinuações à sexualidade de Gilberto Kassab (DEM) na campanha de 2008 para a Prefeitura de São Paulo, aproxima-se e se afasta em que aspectos do episódio no qual o senhor colocou a ex-namorada do Lula na campanha de 1989?

Santa Rita - Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Eu acho lamentável o episódio da Marta porque ela faz uma acusação absolutamente sem nenhum fundamento. Eu digo sempre que a vida do homem público é pública. Então o homem público tem de ter cuidado com suas posturas, porque a vida do homem público é pública. Você pode querer discutir eticamente o episódio de 89. O que não se discutiu em nenhum momento é que aquilo fosse mentira. Houve realmente uma tentativa de aborto, houve o abandono da filha. O que você não pode é falar sobre suposições, como a Marta falou de suposições não provadas. Que eu mesmo não sei se são verdade ou são mentira. Então você levanta um falso testemunho. De resto, se o porteiro do hotel chegar em casa hoje e a mulher dele achar que ele está saindo com outra, avançar para cima dele e eles se estapearem, isso vai dar, no máximo, uma notinha de pé de página no teu jornal amanhã. Se um deputado fizer isso, vai dar uma notícia manchete.

OP - Mas não há um limite do que pode ser explorado na vida pessoal?

Santa Rita - Há o limite: a verdade. A verdade é o limite da ética. Contra a verdade, você não tem alternativa, não tem discussão. O que você não pode é mentir, iludir.

OP - O próprio leitor de hoje não iria repelir, repudiar aquele uso da ex-namorada do Lula na campanha?

Santa Rita - Cada campanha é uma campanha, cada momento é um momento. Essas questões acontecem no mundo inteiro. Você não viu o (Bill) Clinton, que foi um presidente (dos Estados Unidos) aclamado, tendo um caso com uma estagiária? Você não viu lá na Europa o presidente francês com problemas, primeiro-ministro inglês com problemas? E acaba indo para a mídia. O que você não pode é forjar uma situação e inventar um caso desses. O limite da ética, para mim, é a verdade.

OP - O senhor conta no livro que, logo que o Collor tomou posse, afastou-se porque viu que teria de se envolver em um esquema de corrupção para participar daquilo. Deu para perceber tão cedo?

Santa Rita - Na primeira concorrência que teve. Veja, Érico, eu era diretor de uma produtora chamada TVT. Era, na época, a maior produtora brasileira de vídeos. A mais bem aparelhada. Na primeira concorrência que teve para uma série de comerciais, a coisa era insuportável, aquele volume de corrupção. Nesse nível de corrupção, só tem duas alternativas. Ou você entra no esquema ou você sai do esquema. Você não entra no esquema. E havia até sócios meus, na época, que achavam que a gente devia entrar, porque era muito dinheiro. E eu fui contra. Durante os dois anos e meio do governo Collor, a TVT não fez um filme, nem para Banco do Brasil, nem para Petrobras, nem vídeo institucional para ministério. Nada, nada, nada. Zero, absolutamente zero. Porque não é do meu jeito, do meu caráter me meter nesse tipo de coisa. As pessoas falam muito hoje da campanha, ``ah, porque a campanha...`` Parece que a campanha é o grande foco de corrupção. Na campanha, você tem uma questão, que são as doações não registradas. As campanhas em geral, fora campanha de presidente, de governador, do governador que está (no cargo), você tem aí 20 campanhas grandes no Brasil. O resto é tudo uma dificuldade para conseguir dinheiro. Onde é que está o grande problema? Depois, quando vai para o governo. Aí é que tem as grandes contas. O que acontece é que muitos governos fazem caixa para depois fazer a campanha. O grande problema não está na campanha. O problema está no governo.

PERFIL

Chico Santa Rita nasceu em 1939. Jornalista e publicitário, trabalhou, entre outras empresas, na Editora Abril e na TV Globo. Além das campanhas abordadas na entrevista, comandou, dentre muitas outras, o marketing da candidatura presidencial de Ulysses Guimarães (1989) e de Yeda Crusius ao Governo do Rio Grande do Sul (2006). Esta última, sem receber, ele abandonou antes do fim.

Chico Santa Rita mencionou a possibilidade, remota, segundo diz, de ser candidato a deputado federal. Ele é filiado ao PV de São Paulo, o primeiro partido ao qual pertence. Mas ressalta que não entrou na carona de Marina Silva. Filiou-se antes dela

Santa Rita conversou com O POVO logo antes de sua palestra no Congresso Brasileiro de Estratégias Eleitorais e Marketing Político, realizado há pouco mais de uma semana em Fortaleza. Ele fez a palestra de encerramento

Quando você tem um candidato, ele sempre incorpora, ele, as ideias. Mas a ideia é sempre, pelo princípio, uma coisa subjetiva, que você pode discutir. Não tem uma pessoa que encarne

Parece que a campanha é o grande foco de corrupção. O grande problema não está na campanha. O problema está no governo

Batalhas Eleitorais (Geração Editorial, 2001), primeiro livro escrito por Chico Santa Rita, está esgotado, mas encontra-se disponível para download na íntegra no site do autor, no endereço.

www.chicosantarita.com.br/livro/LivroBatalhasEleitoraisOriginal.pdf

terça-feira, 12 de julho de 2011

GOOGLE HOMENAGEIA CATEDRAL RUSSA HISTÓRICA



Quem acessar a página inicial do Google hoje (12) vai se deparar com um Doodle em homenagem ao aniversário de 450 anos da Catedral de São Basílio. A ilustração foi publicada para celebrar os 450 anos de um dos maiores atrativos turísticos da cidade de Moscou, capital da Rússia. O monumento começou a ser construído no ano de 1955, mas sua conclusão só foi feita seis anos após esse momento. A Catedral fica localizada na Praça Vermelha.

A decisão pelo nome que foi dado a Catedral é por ela ter sido construída em cima da tumba do santo que leva o mesmo nome. Já o local onde o projeto foi erguido se definiu por ser o centro geométrico da cidade e também o ponto central do seu crescimento. Até o ano de 1600, a Catedral de São Basílio foi o maior edifício da capital russa.

A ideia para a construção do prédio foi por visualizar o conjunto da obra como uma fogueira com suas chamas em ascensão. Por isso existe a diferença de altura entre as torres, com a maior de todas posicionada ao fundo. As cores para o topo de cada torre são diferentes e vivas, fugindo do tradicional padrão das igrejas.

As imagens que substituem a tradicional logomarca do Google tem se tornado cada vez mais comuns. Dependendo da ocasião, o Google consegue inovar na interatividade com os internautas, sendo que já publicou uma guitarra que permite fazer música no computador em homenagem ao Les Paul, um vídeo em preto e branco para lembrar Chaplin, entre outras imagens

quinta-feira, 7 de julho de 2011

PENSAMENTO DO DIA






"Os seres humanos vêm ao mundo com tendências instintivas herdadas dos pais,
dos avós e bisavós, e como é difícil fazer com que se libertem delas! Eles
se apegam tanto a essa herança que, mesmo que o Senhor venha pessoalmente
exortá-los, ao invés de dizerem: «Sim, Senhor, Te ouço: vou me esforça para
mudar», eles diriam: «Ah não, Senhor! Eu tenho meus pontos de vista, as
minhas opiniões, e estou muito bem assim. Deixe-me em paz».

Eles não sabem que as opiniões, às quais se agarram com tanta força, são determinadas, na realidade, pelas suas fraquezas, pelas suas necessidades inferiores e pelas suas paixões.

Não se iludam: muitas vezes, são os vícios dos seres humanos que determinam
a sua filosofia.

Mesmo que justifiquem o seu ponto de vista com raciocínios
aparentemente objetivos, na realidade, são as suas necessidades menos nobres
que os levam a adotar uma determinada concepção de vida. Se eles procurarem
ter aspirações mais elevadas, os seus pontos de vista serão melhores."

Omraam Mikhaël Aïvanhov

terça-feira, 5 de julho de 2011

INTERESSE NACIONAL NÃO EXISTE NA CABEÇA DOS CONGRESSISTAS




"A preocupação da presidente Dilma com os interesses nacionais, se esbarra
nos interesses mesquinhos e particulares de um congresso oportunista e que
está se lixando solenemente para o país, liderado pelo líder do PMDB
Henrique Eduardo Alves" (Arnaldo Jabor)


Ouça por Arnaldo Jabor (da rádio CBN)

Interesse nacional não existe na cabeça dos congressistas - CBN

TRIBUTO A ITAMAR FRANCO





A Morte comovente de Itamar Franco (por Arnaldo Jabor)

A comovente morte de Itamar Franco - CBN

domingo, 3 de julho de 2011

As DESPROTEGIDAS PORTAS DO BRASIL (NA AMAZÔNIA)


Tabatinga, Amazonas: todo tipo de mercadoria passa livremente pela zona portuária
Bruno Abbud

Por Augusto Nunes (Veja)


Três cães farejadores da Força Nacional de Segurança descansam num canil em Tabatinga, na Amazônia brasileira ─ que se limita por terra com a cidade colombiana de Letícia e é separada do Peru por um rio ─ enquanto dezenas de carros e caminhões ultrapassam a fronteira livres de vigilância. Sobre as águas turvas do Solimões, uma lancha da Receita Federal avaliada em 4 milhões de reais enferruja estacionada desde 2008. Mais de cem toras de madeira clandestina flutuam à espera de um navio cargueiro que as levará para os Estados Unidos. Um dos afluentes do extenso Solimões alcança Marechal Thaumaturgo, no Acre, onde um agente da Polícia Federal lamenta a falta de um farolete no mesmo instante em que incontáveis canoas peruanas motorizadas esquentam as turbinas para entrar em território brasileiro durante a noite, carregadas com pasta-base de cocaína.

Esses exemplos ilustram a imensa constelação de irregularidades que assolam as fronteiras nacionais e comprometem a segurança dos brasileiros. Durante quatro dias, a reportagem do site de VEJA percorreu 17 municípios do Amazonas e do Acre e fez entrevistas com 31 pessoas. O quadro é perturbador. Bananas, galinhas, refrigerantes, gasolina, cimento, brinquedos, roupas, toras de madeira, drogas, praticamente tudo passa livremente pelas fronteiras do norte. E passa muita gente. (Veja as fotos no infográfico)

Nos 1.644 quilômetros que separam o Brasil da Colômbia, por exemplo, há apenas uma delegacia da Polícia Federal e um posto do Fisco. Ambos ficam em Tabatinga. São 33 agentes da PF, um para cada 49 quilômetros de fronteira. O efetivo da Receita Federal é ainda menor. Apenas uma inspetora está incumbida de fiscalizar toda a divisa com a Colômbia. Nos 2.995 quilômetros que marcam a linha entre o Brasil e o Peru, há três postos da Polícia Federal ─ cada um com dois agentes ─ em Santa Rosa do Purús, Marechal Thaumaturgo e Assis Brasil, três municípios do Acre. Para controlar o contrabando, um deles teria de patrulhar 499 quilômetros de fronteira todos os dias. Nem sequer um metro é fiscalizado.


Crime ambiental: toras de madeira brasileira flutuam na divisa do Amazonas com o Peru


O governo espalha duplas de agentes federais em municípios considerados estratégicos. Em vez de vigiarem a travessia de produtos ilegais, os policiais passam o dia carimbando documentos e regularizando o uso de armas pela população ribeirinha. A mesma disfunção se repete com o quadro de funcionários da Receita Federal. Enquanto sobram fiscais nas capitais, algumas cidades nos confins do país têm um só. Por conta das más condições de trabalho, eles não vêem a hora de transferir-se para cidades maiores, mais movimentadas e menos perigosas. Pelas desprotegidas fronteiras do Amazonas e do Acre, entram 70% da cocaína vendida no Brasil.

Um Brasil esquecido

Tabatinga é um microcosmo das fronteiras na região. É fácil sair do Peru ou da Colômbia e alcançar o solo brasileiro em qualquer dia, com qualquer bagagem de qualquer tamanho. Ninguém é abordado. Não há indício da presença de integrantes da Polícia Federal, Receita Federal, Vigilância Sanitária ou Ibama. A bagagem que vem do Peru e da Colômbia pode percorrer o Solimões a bordo de lanchas alugadas por 370 reais e chegar até Manaus sem sobressaltos. Nesse trajeto, não há um único posto policial. Nenhuma lancha da Polícia Federal ou da Receita Federal costuma aparecer. Existem três cidades ─ Tefé, Fonte Boa e São Paulo de Olivença ─ que comportam aeroportos em que não há revista pessoal, raio x ou a inspeção com cães farejadores. As pistas de pouso são cercadas de mato alto. Um avião carregado com qualquer coisa pode pousar e decolar sem vistorias.

Em Tabatinga, até o que está dentro da lei apresenta riscos para o país. Às 21h19 da quarta-feira, 25 de maio, 80 estivadores descarregavam 15.000 sacos de cimento no principal porto da cidade. Tudo veio do Peru. A carga estava com toda a documentação em dia, garantiu Daniela Sampaio, única inspetora da Receita Federal em Tabatinga. O problema é que, no momento em que descarregavam o gigantesco carregamento, não havia qualquer fiscal. “Se fosse cocaína, por exemplo, nós estaríamos descarregando do mesmo jeito, mas sem saber”, disse Geraldo Daniel Vela, presidente do Sindicato dos Estivadores de Tabatinga. As fronteiras do norte retratam um Brasil esquecido.

Drogas e religião

Às 8h14 no porto da Feira, o segundo mais movimentado da cidade, um grupo de mulheres com véus pretos cobrindo a cabeça começam a descarregar enormes cachos de banana, sacos de batata, tomate e galinhas engaioladas de barcos peruanos. Elas vêm do outro lado do rio, dos municípios peruanos de Isla Santa Rosa e Islândia, ambos na província de Mariscal Ramón Castilla. Pertencem à Associação Evangélica da Missão Israelita do Novo Pacto Universal, uma seita de fanáticos que se vestem como personagens bíblicos e costumam sacrificar animais nos seus templos. Segundo o delegado Mauro Spósito, da PF em Manaus, os chamados “israelitas” também constituem o principal grupo de produtores de folha de coca no Peru. “Em Tabatinga, do outro lado do rio, há pelo menos mil famílias que plantam coca”. Os fanáticos, informa o delegado, colhem as folhas, retiram delas a pasta-base da cocaína e repassam aos traficantes, que atravessam a fronteira e levam às capitais brasileiras o produto que pode ser transformado em pó de cocaína, crack e, ultimamente, oxi.


O véu preto caracteriza as integrantes de uma seita que produz folhas de coca no Peru


Toda manhã ─ e frequentemente também à noite ─ os barcos dos israelitas e de outros traficantes atravessam o Solimões. Toda manhã, uma lancha da Receita Federal avaliada em 4 milhões de reais, blindada e equipada com aparelhos de visão noturna, pode ser vista parada e enferrujando na margem brasileira. Segundo a Receita, não há agentes preparados para pilotá-la nem dinheiro para manutenção. Tais carências também mantêm paralisadas duas embarcações da Polícia Federal. A repressão ao tráfico e contrabando nos rios que dividem a fronteira do Amazonas é zero. Centenas de toras de madeira são derrubadas por peruanos perto do município amazonense de Benjamin Constant. Os criminosos amarram umas às outras e as conduzem por vias fluviais até uma madeireira clandestina no Peru. Também no lado peruano, postos de combustível flutuantes vendem gasolina e diesel a 1,75 real o litro. Um tonel de 240 litros sai por 420 reais. Como no outro lado o preço é duas vezes maior, os municípios amazonenses só consomem a gasolina peruana.

Violência urbana

O contrabando desenfreado está na origem da crescente violência. Logo pela manhã, um velório em curso num dos bares da zona portuária pouco altera os rostos sonolentos. O caixão sobre uma mesa de sinuca abriga um peruano de 48 anos, morto com cinco tiros na cabeça por envolvimento com o tráfico. Só a viúva chora. Os mototaxistas da cidade, muito solicitados por quem procura pasta-base de cocaína, invadem o lugar à caça de clientes interessados em chegar ao cemitério junto com o finado. “Todos os dias matam um”, conta a viúva. “Há muitos pistoleiros em Tabatinga”, revela um mototaxista.

A poucos metros do caixão, algumas lanchas descarregam haitianos que, por 2.000 dólares, contrataram um “coiote” que os conduziu até o Brasil. “Chegam quase 40 haitianos por dia neste porto”, diz Pedro Pereira da Silva, vereador em São Paulo de Olivença, município vizinho a Tabatinga. Alguns haitianos pagam mais dólares para tentarem a sorte como operários na usina de Jirau, em Rondônia. Outros esperam pela documentação emitida pela Polícia Federal, algo que os classifica como refugiados, e partem na direção de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Segundo o delegado Spósito, essa sempre foi a rotina de Tabatinga. “João Figueiredo, Sarney, Collor, Lula. Todos os presidentes estiveram aqui e prometeram fazer algo por Tabatinga”, diz. “Eu estava aqui. Nada fizeram”. A cidade ainda não recepcionou Dilma Rousseff.


Delegado Mauro Spósito mostra, em sua mesa de trabalho, uma muda de folhas de coca
O atalho ideal


O barulho do aparelho de ar condicionado faz vibrar toda a estrutura de madeira do posto da Polícia Federal em Marechal Thaumaturgo, que separa o Acre do Peru. Dois agentes – o pernambucano Alisson Costa e o paranaense George Haikal – ambos com cabelos pretos e óculos de grau, são responsáveis pela fronteira. Para Guilherme Delgado, também agente da Polícia Federal, mas lotado em Rio Branco, esse é “o ponto do Acre onde mais passam drogas”.

“Se vierem do rio metralhando o posto, estamos perdidos”, diz Costa. “Somos só dois. O ideal seria ter mais quatro agentes aqui”, lamenta Haikal. Cada um recebe 177 reais por dia para trabalhar em Marechal Thaumaturgo. Cada temporada dura dois meses, ao fim dos quais outros agentes chegarão. Durante a madrugada, quando os contrabandistas peruanos atravessam o estreito Rio Amônia, que marca a divisa entre o Acre do Peru, Costa e Haikal permanecem imóveis. “Não temos nem farolete, que é uma coisa básica”, diz Costa. “Não há o que fazer”, concorda Haikal. Às vezes, eles têm de dividir a única lancha com os militares do Exército, instalados na área rural do município. Os soldados estão sempre confinados no quartel ou em treinamento militar nas redondezas. São odiados pelos moradores, que os acusam de engravidar as mulheres da cidade e sumir. Haikal e Costa nunca saem do posto.

Quilômetros ao sul, centenas de veículos saem da boliviana Cobija para a acreana Brasiléia com o posto da Receita Federal às escuras. Mais ao norte, em Santa Rosa do Purús, duas funcionárias da Câmara de Vereadores redigem ofícios em máquinas de escrever Olivetti. Outros dois agentes trabalham sozinhos à beira de um rio que, à noite, se transforma num viveiro de contrabandistas. “O movimento é intenso de madrugada”, conta a agente federal Ana Paula. “Não dá para fazermos nada, somos só dois”, reclama seu parceiro Bina. Neste ano, a policial foi infectada por sarna ao dormir no colchão do posto.

Em Epitaciolândia (a mais de 550 quilômetros de Santa Rosa do Purús), para onde Ana Paula voltará daqui a dois meses, colchões semelhantes forram o chão do ginásio municipal. Servem para acomodar quase 300 haitianos, que costumam cantar à noite, utilizar um banheiro de odor insuportável e conferir num mapa cravejado de tachinhas vermelhas qual será o destino a comportar a vida melhor que vieram buscar depois que descobriram a fragilidade das fronteiras brasileiras. Pelas divisas acreanas, chegam mais de cem haitianos por dia, informa o agente Guilherme Delgado, da Polícia Federal em Rio Branco. Poucos tiveram suas vidas abaladas pelo terremoto de janeiro de 2010. A maioria decidiu mudar de país em busca de trabalho, algum dinheiro e mais conforto. Encontraram no Amazonas e no Acre o atalho ideal