quarta-feira, 20 de julho de 2011

Fracassos da Copa América: de quem é a culpa?



*Por Pedro Pinto é âncora de esportes da CNN International e no Brasil escreve exclusivamente para o Yahoo

Quanto mais alto se é, maior é a queda.Os gigantes da América do Sul, Argentina e Brasil, que venceram, combinados, um total de 22 títulos da Copa América, foram ambos eliminados da competição no fim de semana.

Como isso aconteceu? Muitos fãs têm sido rápidos em apontar seus dedos para as estrelas Lionel Messi da Argentina e Neymar do Brasil.

No entanto, antes que você faça isso, leia os meus argumentos a respeito de por que os treinadores são realmente os culpados.

Vamos começar com os anfitriões, Argentina. Eles iniciaram a competição com duas performances incrivelmente pobres no Grupo A, um empate 1-1 com a Bolívia e um empate 0-0 com a Colômbia. O treinador Sergio Batista teve de arcar com uma enorma carga de culpa. Por quê?

Bem, ele insistiu em deixar jogadores como Angel Di María, Sergio Aguero, Higuain e Javier Pastore no banco, quando todos eles terminaram a temporada em alta. Seus substitutos, Ezequiel Lavezzi, Carlos Tevez, Ever Banega e Esteban Cambiasso não conseguiram brilhar.

Eventualmente, após a pressão dos torcedores do país e da mídia, Batista fez algumas mudanças a tempo para vencer confortavelmente contra a Costa Rica, que garantiu lugar nas quartas de final.

Mas nem tudo estava bem. Mesmo garantindo um lugar na próxima rodada, ao não encontrar seu melhor XI logo no início da competição, o treinador perdeu a chance de solidificar seu lado e eles perderam humildemente nos pênaltis para o Uruguai, apesar de La Celeste ter sido reduzida a 10 homens aos 38 minutos.

Você pode pensar "Ah, é fácil culpar o técnico quando as coisas dão errado". Mas acredite em mim, Batista tem que assumir a culpa por não conseguir encontrar não só os melhores jogadores, mas o melhor sistema para beneficiar o melhor jogador do planeta: Messi.

Agora, eu tenho dito isso há anos e vou dizer outra vez. Messi marca uma quantidade astronômica de gols pelo Barcelona graças a um homem: Xavi.

Ele é o homem puxando as cordas e permitindo ao fenômeno argentino pegar a bola nas áreas do campo onde ele pode fazer o maior dano possível. A Argentina não tem ninguém como Xavi, então, obviamente, não haveria maneira de o Messi marcar tantas vezes quanto ele faz pelo Barça.

No entanto, até agora, os técnicos argentinos deveriam ter encontrado um sistema que permitiria o atual jogador mundial do ano se destacar.

Em nove jogos pela Argentina na Copa do Mundo no ano passado e na Copa América deste ano, quantos gols Messi marcou? Zero. Estranho, mas verdadeiro.

Agora, por mais que você diga que ele jogou mal pelo seu país, eu não concordo. Ele tenta tão duro como faz pelo Barcelona, e é tão influente quanto.

O problema é que ele não marca, e isso acontece porque ele tem que constantemente buscar a bola e nunca a recebe em uma posição onde ele pode alcançar o fundo da rede.

Contra o Uruguai, Batista tinha Aguero, Di Maria e Higuain na frente. Messi deveria estar no buraco com dois volantes atrás dele. Agora, foi esse o cenário ideal para que ele se destacasse? Não.

Leo deveria sempre fazer parte dos três da frente, com alguém lhe passando a bola. Alguém como Pastore, alguém como Banega, alguém que seja criativo.

Por mais que eu respeite Javier Mascherano e Javier Zanetti, eles não são armadores e não têm a habilidade ou talento para construir jogadas. Eles são destruidores em primeiro lugar, e não podem cumprir esse papel.

Após a derrota nos pênaltis para o Uruguai, Batista disse: "Eu não diria que foi um desastre." Ele está errado. Foi um desastre e ele será demitido em breve. Acredite em mim.

Enfim, agora falando do Brasil. A Seleção ganhou os dois últimos títulos da Copa América, em 2004 e 2007. Com a próxima Copa do Mundo sendo realizada em sua casa, o técnico Mano Menezes está trabalhando com a compreensão que ele DEVE construir um time que possa vencer a competição de 2014. Seu primeiro teste foi o torneio na Argentina, e eu tenho que dizer que ele falhou nesse teste.

Agora, eu não sou ingênuo o suficiente para esperar que o Brasil jogue com o talento e habilidade de outrora. O Futebol Bonito morreu, e é mais importante ganhar do que entreter.

No entanto, o que eu não posso aceitar é o Brasil jogando em um sistema com dois volantes, com todo o talento que têm no meio-campo. Eles fizeram isso na Copa do Mundo, com Felipe Melo e Gilberto Silva, e eles fizeram isso novamente na Copa América, com Lucas Leiva e Ramires. Se Dunga, o treinador passado, foi demitido porque seu tipo de futebol era defensivo e previsível, então como pode Mano seguir seus passos?

Muito foi escrito e dito sobre Neymar, a estrela adolescente, antes deste evento. Não há dúvidas em minha mente, ele é incrivelmente talentoso, mas esperar que ele seja o cara que vai conseguir a taça para você não é justo. Ele não é tão bom assim, e ainda não alcançou todo o seu potencial.

Além disso, pedir a outro jovem, Ganso, que organize o ataque do time quando ele acaba de voltar de uma lesão grave e ainda não atingiu o pico de sua forma física é simplesmente idiota.

Agora, esta Copa América será uma grande lição para Mano Menezes acordar. A primeira coisa que ele precisa fazer é encontrar jogadores de meio-campo melhores. Lucas, Sandro, Elias e Ramires não são bons o suficiente.

Eles podem trabalhar duro, eles podem ser disciplinados, mas você não pode escolher dois desses caras no seu XI incial e esperar vencer as melhores equipes do planeta.

E o Hernanes, da Lazio? Que tal alguns dos garotos que acabaram de vencer o Campeonato Sul-Americano Sub-17? Mano precisa encontrar respostas. Caso contrário, ele se verá sem trabalho antes da próxima Copa do Mundo, daqui a três anos.

*Pedro Pinto é âncora de esportes da CNN International e no Brasil escreve exclusivamente para o Yahoo

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