sexta-feira, 18 de março de 2011

O IMPASSE DA ONU X SEDE DE VINGANÇA DE KADAFI

Em regimes democráticos, quando existe um assunto que é de interesse da coletividade, é necessário sem dúvida que se discuta, que haja o debate, para que se tenha o consenso ou o chamado denominador comum, e então toma-se a decisão, ou se aprova o projeto sem prejuízo da coletividade que, pelo contrário, tem que ser beneficiada pela decisão baseada na opinião de todos.

Isso demora menos ou mais tempo, em virtude do tempo de maturação que este ou aquele assunto necessite, porém tem certos assuntos que não deveriam levar tanto tempo, principalmente quando se há muitas vidas em jogo.

Até uma criança sabe, que um ditador desse jaez, sem escrúpulos, brutal e há mais de 40 anos no poder, como está Muammar Kadafi, faria de tudo para se manter no seu trono de ouro, e para ele trucidar os seus oponentes que “ousaram” lhe tirar as mordomias e a vida-boa (que só tem usufruto ele, a sua Família e aos apadrinhados de todos os matizes, enquanto resto da população morre à míngua ), não será nem um sacrifício de sua parte.

E assim fez, enquanto os membros permanentes de segurança da ONU, (Rússia, Estados Unidos, China, França e Grã Bretanha), se reuniram na quinta-feira, dia 10 de Março, e se mantinham em um impasse, Kadafi despejava seus mísseis e armas mortíferas em cima de civis, na tentativa de esmagá-los e retomar o país.

Dois dias antes da reunião, a organização internacional Avaaz, conhecida pelo seu recolhimento de assinaturas, já colhia-as para enviar justamente ao Conselho da ONU, antes da reunião, como forma de pressionar o mesmo em aprovar a zona de exclusão aérea.

Porém não houve consenso...

Esse que vos escreve foi um dos que deixaram sua assinatura para a Avaaz pressionar a ONU.

Se, na reuniões seguintes, houvesse novo impasse no conselho de segurança da ONU, e as forças do Kadafi retomassem o país, uma retaliação brutal aguardaria os líbios que desafiaram o regime. Relatos de tortura e assassinato já estavam vazando das áreas retomadas.

Pois somente hoje, dia 18 de Março, que o Conselho de Segurança da ONU veio ao encontro do chamamento do povo Líbio e aprovou a chamada “Zona de Exclusão aérea” que na prática é um forma de manter no chão os aviões do desalmado ditador Kadafi, e consequentemente evitar o mesmo de massacrar do seu próprio povo, que anseia por liberdade e desenvolvimento.

Bastou isso que o mesmo mandou suspender os ataques covardes a civis, o ministro do Exterior líbio, Moussa Koussa, disse que o governo foi obrigado a adotar a medida após a aprovação, pelo Conselho de Segurança da ONU, da criação de uma zona de exclusão aérea no país.

'De acordo com o artigo 25 da Carta da ONU (...) e levando em consideração o fato de a Líbia ser membro da ONU (...) concordamos que somos obrigados a aceitar a resolução do Conselho de Segurança (...). Portanto a Líbia decidiu por um cessar-fogo imediato e uma imediata paralisação de todas as operações militares', disse o ministro a jornalistas.

Porém fica a pergunta: Porque tanta demora em aprovar uma medida, que visava ser um antídoto contra a matança indiscriminada de civis, que se rebelaram contra ele?

Quantos pagaram com a vida esses 8 dias de indefinições sobre se adotava ou não a medida?

Mais absurda foi a postura do governo Brasileiro, que se absteve de votar em favor da medida...Será que o Brasil estava mesmo ciente de que isso representaria a manutenção dos ataques de um ditador com sede de vingança e sedento por sangue sobre seus oponentes, todos eles civis?

Parece que não mudou a contradição que foi a política externa Brasileira na “era Lula” com a agora chamada de “era Dilma”, e nem a ONU se apercebe rápido que, perante os tribunais incorruptíveis da consciência, não será cobrado somente pelo mal que se tenha feito, mas também pelo bem que, podendo, se deixou de fazer....

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