Medida foi aprovada pela União de Futebol da Rússia (UFR) na última sexta-feira (5) e entrará em vigor a partir da próxima temporada. Embora os recursos arrecadados sejam investidos no futebol juvenil, clubes e especialistas reagiram negativamente à iniciativa, considerando-a “punitiva”.
Na última sexta-feira (5), o comitê executivo da UFR decidiu que os clubes da primeira divisão liderados por técnicos estrangeiros irão pagar um imposto no valor de 5 milhões de rublos (cerca de R$ 300 mil reais) enquanto os da a segunda divisão deverão arcar com 2,5 milhões (cerca de R$ 150 mil).
Atualmente, 7 dos 16 clubes da primeira divisão russa contam com técnicos estrangeiros, entre os quais figuras tão reputadas como Luciano Spalletti, Guus Hiddink, Dan Petrescu e Slaven Bilic.
A medida, que não abrange os técnicos estrangeiros contratados antes da temporada de 2013/14, tem como objetivo arrecadar recursos para o apoio aos técnicos russos do futebol juvenil e o desenvolvimento do sistema de formação e aprimoramento profissional dos treinadores nacionais.
“O imposto será cobrado uma única vez na hora de fechar o contrato com um técnico estrangeiro. A medida só é válida para os clubes e se refere à contratação de profissionais estrangeiros ou de dupla nacionalidade para o cargo de treinador principal”, declarou o presidente da UFR, Nikolai Tolstikh.
A medida visa também ajudar a UFR a resolver seus problemas financeiros. O presidente anterior da entidade, Serguêi Fúrsenko, que deixou o cargo no verão do ano passado, deixou uma dívida de 800 milhões de rublos (cerca de R$ 50,5 milhões) e a UFR continua sem patrocinador.
Mikhail Guerchkovitch, presidente da Associação de Treinadores Russos e autor da iniciativa, acredita que o imposto contribuirá também para valorizar os técnicos nacionais. “No futebol nacional, prevalecem técnicos estrangeiros, enquanto o governo do país segue uma política de proteção interna”, afirma Guerchkovitch.
O novo imposto, segundo o autor da medida, não será oneroso para os clubes de elite e estimulará os clubes com orçamentos modestos a dar preferência a técnicos nacionais.
Mesmo assim, a proposta dividiu a opinião de especialistas. O presidente do conselho administrativo do clube daguestanês Anji, Konstantin Remchukov, disse ao jornal “Kommersant” que a ideia lhe faz lembrar a “prática soviética de extorsão de dinheiro” dos clubes de futebol e parece “punitiva”.
“Se um clube de futebol é também um negócio, as pessoas envolvidas devem fazer o possível para aumentar a eficácia da ‘empresa’. Se você gasta milhões de dólares para contratar jogadores e não pega um treinador equivalente, seu ativo perde a qualidade”, garantiu Remchukov.
O presidente e proprietário do clube Krasnodar, Serguêi Galistski, também não se mostrou contente com a nova norma. “Podemos chamar essa medida de ‘salário para Guerchkovitch’”, escreveu em seu Twitter. “Nosso clube não vai pagar nada”, arrematou o empresário.
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