O Fenômeno Azul, em jogo de 2011 cujo time foi bem montado por Paulo Comelli,
Mas o psicológico.....
Fica
evidenciado, com mais uma derrota no campeonato Paraense, - e a consequente
impossibilidade de seguir disputando o calendário nacional, que o problema do
clube do Remo está mais na cabeça do que nos pés. Em todos os níveis do
futebol, e em todos os esportes tanto em nível nacional quanto mundial essa
questão é muito comum, embora passe desapercebido por muitos profissionais do
esporte e da imprensa que cobre o mundo esportivo.
Aquele
impressionante e histórico tabu, de 33 jogos e cinco anos sem que o Remo
soubesse o que é derrota para o maior rival, Paysandu, entra nessa análise. A
Superioridade ao longo desse tempo sempre foi psicológica. Claro que dentro de
campo o Remo tinha um time que fazia jús ao feito, mas em muitas destas
partidas o Paysandu jogou melhor, esteve próximo de vencer, quebrar o ‘tabu’ e
vencer o campeonato, mas no último instante vinha um lance imprevisto, uma
falta, um escanteio, e tudo ia por água abaixo, como naquela partida em que o
Remo virou com Agnaldo como fator decisivo.
Vamos aqui
há alguns outros exemplos mundo afora, tanto no futebol quanto em outros
esportes. Em Copas do Mundo já é notório que a seleção Brasileira, por exemplo,
tem bloqueios psicológicos quando enfrenta a França por exemplo. Perdeu a Copa
de 1998 de forma vexatória ao ser goleado por 3-0, e depois foi eliminado da
Copa de 2006 perdendo por 1-0, naquele gol de Thierry Henri, no qual Roberto Carlos foi
ajeitar o meião e esqueceu de marcar o goleador Francês. O Brasil também perdeu
para a França em uma Copa das Confederações.
Em sentido
inverso, também algumas seleções não conseguem vencer a seleção brasileira há
muito tempo mesmo - muitas vezes - jogando melhor, é o caso da Itália, que no
último amistoso realizado foi empatar depois de uma desvantagem de dois gols, e
poderia ter vencido, mas o paredão psicológico impediu a azurra de fazê-lo, e no histórico fica evidenciado a questão do
boicote psicológico: Fazem 31 anos que os italianos não sabem o que é vencer o
Brasil, a última vez foi em 1982, naquele jogo de lembranças fatídicas ao
torcedor brasileiro.
Muitas
vezes, para furar esse bloqueio, basta que se ganhe uma única vez. Cito um exemplo no
Vôlei masculino. Brasil e Rússia nessa modalidade tem as melhores seleções do
mundo. Porém, no confronto direto, os russos ficaram sem vencer o Brasil por
anos a fio, mesmo muitas vezes jogando melhor. No entanto, em uma recente liga
Mundial, em um jogo em que o Brasil estava já classificado, o técnico
Bernardinho decidiu poupar os titulares, o que seria lógico. Porém, como os
russos precisavam vencer para prosseguir na competição, se aproveitaram da situação
e venceram o Brasil por 3 sets 0 em um jogo aparentemente sem importância para
o Brasil.
Todavia, no
aspecto psicológico, o jogo teve uma dimensão que o excelente técnico brasileiro
não levou em consideração: Os russos a partir dali, furaram o bloqueio que lhes
impedia de vencer a seleção, e o que aconteceu? Por ironia do destino as duas
seleções chegaram na final do mesmo torneio, e adivinha quem venceu? Os russos!
A dimensão psicológica
agora está favorável aos russos. A Prova disso é que, na final entre ambos ano passado nas
Olimpíadas de Londres, valendo medalha de ouro, o Brasil vencia fácil por 2
sets a 0, e o 3º set também estava à frente,
encaminhando o tão sonhado ouro olímpico.
Todavia, o
3º set foi vencido pelos russos de forma dramática, e se agigantaram de tal forma que venceram o
4º set, empatando a partida (2 sets 2), e no tie break, atropelaram a seleção, que perdeu a medalha de ouro em
uma derrota dolorosa, mas provou que em um confronto entre duas seleções
excelentes e talentosas, o aspecto
psicológico é um fator desequilibrante. Se não tivesse subestimado esse
aspecto, Bernardinho não teria aberto a ‘janela de oportunidade’ pela qual os
russos se aproveitaram.
De volta ao
futebol, um outro bloqueio que foi furado, pelo menos no nível de clubes, foi o
que aconteceu com os alemães. A Alemanha não ganhava um torneio de clubes na
Europa (seja eles quais fossem, seja Liga dos campeões, Copa da UEFA...etc)
desde 2001, quando o Bayern ganhou a Liga dos Campeões do Valência nos
pênaltis. De lá para cá, embora seus clubes chegassem nas fases mais decisivas,
como semifinais e final, - inclusive o Bayern chegou em duas, perdendo ambas –
sempre se ressentiam do aspecto psicológico desfavorável. Em linguagem popular
tinham a síndrome do nadar, nadar e morrer na praia....
Porém este
bloqueio foi furado com as vitórias acachapantes de Bayern e Borussia,
respectivamente sobre Barcelona e Real Madrid. E agora finalmente, após 13 anos
de jejum, um clube alemão levantará a taça mais importante de clubes do mundo.
Resta a seleção daquele país também quebrar esse paradigma, pois igualmente à
seus clubes, sempre chega em semifinais e final tanto de Copa do Mundo quanto
de Eurocopa, mas acaba vendo com lágrimas os adversários levantarem a taça. A
Seleção Alemã não ganha uma Copa do Mundo há 24 anos (a última foi em 1990) e a
última Eurocopa foi em 1996, há 20 anos (contando que a próxima será em 2016).
Porém o êxito de seus clubes pode influenciar no desempenho da seleção em jogos
decisivos.
Voltando ao
clube do Remo, certamente esse aspecto lhe tem causando os dissabores nos
momentos decisivos, como a derrota recente para o Paragominas, clube em que
tinha vencido com relativa facilidade por duas vezes no 1º turno (1ª fase por
3-2 e semifinais por 2-0) além da vitória no jogo de ida da final do 2º Turno
(1-0). Ano passado o aspecto psicológico lhe fez perder a final do campeonato
em um espaço de 4 minutos, sofrendo 2 gols que empataram a partida e dando o
título ao Cametá.
Se dentro de
campo o aspecto psicológico têm lhe tirado títulos e vagas em competições
nacionais, o fator ‘extra-campo’ contribui para isso. Com mandatários de
mentalidade arcaica e retrógrada, não percebem que o futebol moderno leva em
consideração todos os aspectos do ser humano, em um trabalho holístico. E o
psicológico é um dos mais importantes. Tem-se feito um trabalho de
acompanhamento psicológico?
Muito embora
o time mude todo ano, não sendo na maioria das vezes os mesmos elementos, (o
que é um erro, mas isso é para uma outra discussão) mas a mentalidade do
derrotismo nas partidas decisivas fica entranhada no ambiente do clube, na
cabeça dos funcionários, dos ‘beneméritos’, diretores..etc e até na torcida!
Portanto, há que se fazer um trabalho para evitar que essa ‘massa mental
negativa’ contamine os jogadores que vem ao clube toda a temporada.
Mas isso
mudará enquanto os atuais dirigentes com a mentalidade que possuem permanecerem no
clube?
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