quarta-feira, 19 de março de 2014

Qual o ponto em comum dos eventos na Síria e na Ucrânia?





[*] Por Thomas de Toledo

Os eventos na Síria e na Ucrânia têm 4 pontos principais em comum:

1) A causa dos conflitos está ligada à disputa pelo controle de rotas de gás natural, hoje sob domínio da Rússia, o que lhe assegura a hegemonia no fornecimento à Europa;

2) A posição dos Estados Unidos (EUA) e da União Europeia (UE) é claramente em favor do bloqueio da influência russa no Mar Mediterrâneo (Síria) e no Mar Negro(Ucrânia);

3) Tanto na Síria quanto na Ucrânia, o que deu origem a tais conflitos não foram “democratas” lutando contra “ditadores” como tem sido noticiado, mas operações de “mudança de regime” coordenadas, articuladas e financiadas pelo EUA e pela EU;

4) A postura da mídia europeia e estadunidense (e a brasileira por tabela) vem sendo inverter os fatos – chamam mercenários estrangeiros na Síria de rebeldes e gangues armadas de nazistas na Ucrânia de manifestantes.








Alguns analistas vêm na relação entre esses conflitos uma nova “Guerra Fria” entre EUA/UE contra a Rússia/China. No entanto, a questão vai muito além. O nível de tensão que vem se criando no mundo (Oriente Médio, Leste Europeu, Sudeste Asiático, África e América Latina) faz com que se algum imprevisto sair do controle, o resultado pode vir a ser uma ampla guerra com chances de rapidamente se mundializar. Lembrem-se de que a I Guerra Mundial começou com muito menos... 

Estados Unidos Investem nas operações de “Mudança de Regime”

 Os Estados Unidos estão investindo como nunca nas operações de “mudança de regime”. Financiam milícias neonazistas na Ucrânia, mercenários fanáticos religiosos na Síria e golpistas oligarcas na Venezuela. Mas o que mais incomoda é a postura subserviente da mídia sobre tais acontecimentos, classificando tais movimentos como manifestações “pró-democracia”.

Vimos que a “democracia” foi evocada para invadir o Iraque em 2003 e a Líbia em 2011. Qual foi o resultado? O Iraque está dividido entre milícias de facções religiosas; a Líbia está controlada por gangues armadas. Cadê a democracia? No entanto, o resultado foi alcançado: os Estados Unidos e a União Europeia controlam o petróleo dos mesmos, que hoje são Estados falidos.

Enquanto isto, muita gente repete o bordão da mídia: “democracia e liberdade”, sem perceber que aqueles que se dizem defensores de tais valores são os que mais os destroem e promovem as mais cruéis ditaduras.

Pior, pouco a pouco transformam o mundo num grande quintal onde controlam livremente os recursos naturais, as formas de pensar e agir, bem como as decisões de cada nação. Desta forma, empurram uma onda de sujeira para o mundo, financiando o ressurgimento do nazi-fascismo e do fundamentalismo religioso, enquanto pessoas que “acordaram” agora pensam que qualquer multidão protestando por uma causa qualquer é um movimento “pró-democracia”. Fica, portanto, bem fácil compreender por que há tanta gente acreditando que o problema dos hospitais do Brasil se deve à realização da Copa do Mundo.

DESPERTAR DAS CONSCIÊNCIAS

Hoje, a Ucrânia e a Venezuela são vítimas de golpes de Estado fascistas. Na Ucrânia, um partido racista que apoiou a invasão nazista por Hitler, tenta impor um governo fantoche com apoio dos Estados Unidos. 


Na Venezuela, uma oposição que perdeu 18 eleições no país, insiste em derrubar o governo Maduro por um golpe financiado também pelos Estados Unidos. A mídia brasileira, cito nominalmente Globo, Veja, Folha e Estadão, inverte os fatos e noticia sempre a versão dos Estados Unidos. Esses mesmos veículos que apoiaram o Golpe Militar no Brasil, estão novamente se colocando a serviço do mesmo império. 


Chegou a hora de despertar a consciência das pessoas contra esses monopólio midiático e esses golpes imperialistas mundo afora. Vamos protestas e lutar ao lado do povo e das conquistas sociais, nunca ao lado do fascismo, do nazismo e do imperialismo.

[*] Thomas de Toledo é professor de relações Internacionais.

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