[*] Por Thomas de Toledo
1) A causa dos conflitos está ligada à disputa pelo controle de rotas de gás natural, hoje sob domínio da Rússia, o que lhe assegura a hegemonia no fornecimento à Europa;
2) A posição dos Estados Unidos (EUA) e da União Europeia (UE) é claramente em favor do bloqueio da influência russa no Mar Mediterrâneo (Síria) e no Mar Negro(Ucrânia);
3) Tanto na Síria quanto na Ucrânia, o que deu origem a tais conflitos não foram “democratas” lutando contra “ditadores” como tem sido noticiado, mas operações de “mudança de regime” coordenadas, articuladas e financiadas pelo EUA e pela EU;
4) A postura da mídia europeia e estadunidense (e a brasileira por tabela) vem sendo inverter os fatos – chamam mercenários estrangeiros na Síria de rebeldes e gangues armadas de nazistas na Ucrânia de manifestantes.
Alguns analistas vêm na relação entre esses conflitos uma nova “Guerra Fria”
entre EUA/UE contra a Rússia/China. No entanto, a questão vai muito além. O
nível de tensão que vem se criando no mundo (Oriente Médio, Leste Europeu,
Sudeste Asiático, África e América Latina) faz com que se algum imprevisto sair
do controle, o resultado pode vir a ser uma ampla guerra com chances de
rapidamente se mundializar. Lembrem-se de que a I Guerra Mundial começou com
muito menos...
Estados Unidos Investem nas operações de “Mudança de Regime”
Os Estados Unidos estão
investindo como nunca nas operações de “mudança de regime”. Financiam milícias
neonazistas na Ucrânia, mercenários fanáticos religiosos na Síria e golpistas
oligarcas na Venezuela. Mas o que mais incomoda é a postura subserviente da
mídia sobre tais acontecimentos, classificando tais movimentos como
manifestações “pró-democracia”.
Vimos que a “democracia” foi
evocada para invadir o Iraque em 2003 e a Líbia em 2011. Qual foi o resultado?
O Iraque está dividido entre milícias de facções religiosas; a Líbia está
controlada por gangues armadas. Cadê a democracia? No entanto, o resultado foi
alcançado: os Estados Unidos e a União Europeia controlam o petróleo dos
mesmos, que hoje são Estados falidos.
Enquanto isto, muita gente repete
o bordão da mídia: “democracia e liberdade”, sem perceber que aqueles que se
dizem defensores de tais valores são os que mais os destroem e promovem as mais
cruéis ditaduras.
Pior, pouco a pouco transformam o
mundo num grande quintal onde controlam livremente os recursos naturais, as
formas de pensar e agir, bem como as decisões de cada nação. Desta forma,
empurram uma onda de sujeira para o mundo, financiando o ressurgimento do
nazi-fascismo e do fundamentalismo religioso, enquanto pessoas que “acordaram”
agora pensam que qualquer multidão protestando por uma causa qualquer é um
movimento “pró-democracia”. Fica, portanto, bem fácil compreender por que há tanta
gente acreditando que o problema dos hospitais do Brasil se deve à realização
da Copa do Mundo.
DESPERTAR DAS CONSCIÊNCIAS
Hoje,
a Ucrânia e a Venezuela são vítimas de golpes de Estado fascistas. Na Ucrânia,
um partido racista que apoiou a invasão nazista por Hitler, tenta impor um
governo fantoche com apoio dos Estados Unidos.
Na Venezuela, uma oposição que
perdeu 18 eleições no país, insiste em derrubar o governo Maduro por um golpe
financiado também pelos Estados Unidos. A mídia brasileira, cito nominalmente
Globo, Veja, Folha e Estadão, inverte os fatos e noticia sempre a versão dos
Estados Unidos. Esses mesmos veículos que apoiaram o Golpe Militar no Brasil,
estão novamente se colocando a serviço do mesmo império.
Chegou a hora de
despertar a consciência das pessoas contra esses monopólio midiático e esses
golpes imperialistas mundo afora. Vamos protestas e lutar ao lado do povo e das
conquistas sociais, nunca ao lado do fascismo, do nazismo e do imperialismo.
[*] Thomas de Toledo é professor de relações Internacionais.
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